Título: Falcon tenta ficar com mina da Petrobras
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 27/08/2008, Economia, p. 29
Mineradora pagou R$15 milhões à estatal antes de cancelamento
Gustavo Paul
BRASÍLIA. A mineradora Falcon Metais está se movimentando para convencer o governo a voltar atrás na decisão de impedir que a Petrobras venda a ela uma mina de silvinita no Amazonas. Surpreendida por uma carta da estatal de 15 de agosto cancelando o negócio de R$151 milhões, a Falcon, constituída este ano em parceria de investidores nacionais e estrangeiros, está enviando correspondências ao governo para informar suas pretensões no negócio. Os investimentos previstos para a mina somam cerca de R$4,5 bilhões, e a operação prevê a produção de 2 milhões de toneladas/ano de cloreto de potássio em 2012, três vezes a produção nacional atual.
A venda da mina, localizada em Nova Olinda do Norte, foi abortada por ordem da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), com aval do presidente Lula, sob argumento de que é estratégica para reduzir a dependência de fertilizantes importados. Para o governo, a Falcon é uma empresa-júnior, ou seja, com interesse em especular com as reservas em bolsas de futuros.
Segundo Hélio Diniz, vice-presidente para o Brasil da Forbes and Manhattan, holding da Falcon, o grupo tem como meta se tornar um dos maiores produtores de potássio do Brasil:
- Não somos especuladores. Queremos produzir. A decisão do governo deve-se à desinformação sobre nossas atividades.
Segundo a Falcon, a compra, que já envolveu o pagamento de R$15,1 milhões à estatal, foi transparente. A proposta foi 60% superior ao preço mínimo. A mina está há dez anos parada.
- O fato de sermos uma empresa-júnior não deve ser encarado como problema. O que interessa ao governo é a produção de potássio.