Título: Senado confirma Emília Ribeiro em vaga da Anatel
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 27/08/2008, Economia, p. 29

Apesar de protestos da oposição, indicação é aceita, mas nomeação ainda precisa ser sancionada por Lula

Patrícia Duarte

BRASÍLIA. O plenário do Senado aprovou ontem, por 42 votos a 15, a indicação de Emília Ribeiro para assumir o cargo de conselheira na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), vaga que está aberta desde novembro passado. A nomeação dela foi recheada de polêmicas e correu risco de ser recusada na Comissão de Infra-estrutura da Casa, que avalia previamente as indicações ao conselho da autarquia. A nomeação ainda precisa ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Votação marcada por acusações e suspeitas

Os senadores da oposição afirmavam que a indicação de Emília, feita pelo presidente Lula, serviria apenas à aprovação do novo Plano Geral de Outorgas (PGO), que permitirá a fusão da Oi com a Brasil Telecom.

Hoje, a Anatel tem apenas quatro diretores, e suas decisões podem dar em empate, correndo o risco de não sair.

Até mesmo durante a votação no plenário, houve manifestação contrária à nomeação de Emília. Numa rápida e contundente intervenção, o deputado Demóstenes Torres (DEM-GO) reforçou a acusação da oposição e ainda chegou a sugerir a existência de pagamento de recursos para autoridades do Executivo e do Legislativo para que fosse realizada a fusão bilionária das duas teles.

- Há muita suspeita de dinheiro escuso nessa negociação, inclusive envolvendo parlamentares e integrantes do governo - acusou Demóstenes. - No Senado, houve uma revolta quando comecei a falar contra a indicação da Emília, tanto por parte de integrantes do governo como por parte da oposição. Isso não é por acaso.

Os oposicionistas também questionaram muito a capacidade técnica da futura conselheira da Anatel, cuja posse ainda não tem data definida.

Procedência profissional de Emília causa incômodo

Emília não tem uma carreira no setor de telecomunicações. Foi assessora técnica da Câmara e do Senado e passou por vários órgãos públicos, como a Presidência e o Ministério da Educação - onde conheceu seu marido, Luiz Curi, reitor de uma universidade de Brasília cujo dono é o primeiro suplente da senadora Roseana Sarney (PMDB-MA).

Na área de telecomunicações, desde 2005, Emília é integrante do conselho consultivo da agência, conhecido como "chá das cinco", por sua função acessória no órgão regulador. Ela substituirá José Leite Passos, considerado um craque do setor.

COLABOROU Gerson Camarotti