Título: Satiagraha: testemunhas de Chicaroni depõem
Autor: Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 23/08/2008, Economia, p. 32
Justiça Federal ouve depoimentos sobre suposta tentativa de suborno de delegado da PF
Lino Rodrigues
SÃO PAULO. O banqueiro Daniel Dantas, o ex-presidente da Brasil Telecom Humberto Braz e o professor universitário Hugo Chicaroni voltaram ontem ao prédio da Justiça Federal, em São Paulo, desta vez para acompanhar os depoimentos de quatro testemunhas convocadas pela defesa de Chicaroni. Os três são réus em processo que apura uma suposta tentativa de suborno do delegado da Polícia Federal Victor Hugo Rodrigues Alves, com o objetivo de livrar Dantas e sua famílias das investigações da Operação Satiagraha.
Entre as testemunhas, estavam um amigo de Chicaroni, Roberto Jorge Alexandre, e dois delegados da própria Polícia Federal: Ricardo Saadi, que substituiu o delegado Protógenes Queiroz no comando da Operação Satiagraha, e Marcos Antonio Lino Ribeiro, da PF de Guarulhos (SP). Também foi ouvido pelo juiz Fausto Martin de Sanctis o escrivão da PF Amadeu Ranieri, que havia sido convocado para depor como testemunha de acusação, na semana passada, mas acabou dispensado.
No relato feito pelo advogado Nélio Machado, que faz a defesa de Dantas, o depoimento de Saadi não teria trazido "nenhuma contribuição" para esclarecer o nível de amizade entre Protógenes e Chicaroni, como esperava a defesa.
Já o procurador da República Rodrigo de Grandis afirmou que as provas que constam nos autos contra os três acusados foram "robustecidas", mas lembrou que ainda falta ouvir testemunhas de outras cidades e do exterior para o juiz de Sanctis dar a sua sentença.
Advogado de defesa tenta provar "armação" da PF
Já o advogado de Hugo Chicaroni, Alberto Carlos Dias, reiterou o pedido de quebra do sigilo telefônico do seu cliente e dos delegados Queiroz e Vitor Hugo. Segundo Dias, os contatos entre os três comprovariam a amizade entre Queiroz e Chicaroni e, também, que a operação do suborno foi uma "armação" da PF e que a iniciativa de pedir dinheiro foi do delegado e não do seu cliente.
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