Título: No plenário, segurança reforçada
Autor: Brígido, Carolina; Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 28/08/2008, O País, p. 3

Índios e arrozeiros são estrategicamente acomodados em lados opostos

BRASÍLIA. A segurança foi reforçada por policiais federais dentro e fora do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas nem foi preciso. Apesar de chamar a atenção no tradicionalmente sisudo plenário do Supremo usando cocares, adereços típicos e com rostos pintados, os índios que assistiram ao julgamento de ontem adotaram comportamento discreto.

No plenário, não só eles quebraram o protocolo da Corte ao vestir trajes típicos. Produtores e trabalhadores rurais de Roraima também foram dispensados de usar terno. Vestiam calças jeans, camisas de manga curta ou camisetas.

Por segurança, produtores e índios foram acomodados em extremos opostos no plenário. O prefeito de Pacaraima (RR) e líder dos produtores de arroz, Paulo César Quartiero, sentou de frente para os índios. Recentemente, ele foi preso por agressão aos índios. No início da sessão, Quartiero prometeu uma resistência pacífica caso o STF confirmasse a demarcação contínua da área.

- Como se luta? Resistindo como Gandhi fez, pacificamente. armas não temos.

Ao fim da sessão, coube aos índios festejar, com as mãos estendidas para o alto, o voto do relator, favorável à causa indígena. Também fizeram um círculo ao redor da advogada Joênia de Carvalho.

- Vamos festejar esse um a zero. É muito importante - disse Joênia.

Um dia antes do julgamento, grades de metal foram instaladas ao redor do STF, para evitar confusão. Mas, apenas 60 pessoas, entre elas índios e sem-terra, fizeram protestos pacíficos na Praça dos Três Poderes ontem, defendendo a demarcação contínua das terras. O número de manifestantes era bem menor que os mais de cem policiais militares e federais convocados para garantir a segurança do local.