Título: Acusado de improbidade presta serviço para UPA
Autor:
Fonte: O Globo, 28/08/2008, O País, p. 14

Administrador de cooperativa, Milton Rangel teve bens bloqueados por não comprovar gastos de R$5 milhões

Gabriel Mascarenhas e Daniel Brunet

Acusado pelo Ministério Público estadual de improbidade administrativa e com os bens bloqueados pela Justiça ¿ por ter recebido R$5,1 milhões do governo do estado para promover ações de saúde itinerantes que jamais aconteceram ¿, Milton César Ferreira Rangel é administrador de uma das cooperativas que prestam serviço para a Unidade de Pronto-Atendimento 24 horas (UPA) da Tijuca, mantida pela Secretaria estadual de Saúde. Ele é um dos 23 acusados pelo MP de envolvimento no esquema que desviou R$70 milhões da pasta, de 2005 a fevereiro de 2007.

A Cootvedele, cooperativa da qual Rangel se apresenta como administrador, cede 160 profissionais ¿ entre médicos, técnicos e enfermeiros ¿ à UPA da Tijuca. A Secretaria estadual de Saúde informou ontem desconhecer a participação de membros da Cootvedele em esquemas de corrupção.

Essa cooperativa é uma das afiliadas da Federação das Cooperativas de Trabalho do Estado (Febracop), órgão escolhido pela Secretaria estadual de Saúde para indicar prestadoras de serviço à rede, e que tem como vice-presidente Orliane Ferreira Rangel, irmã de Milton Rangel.

Procurado ontem por telefone pelo GLOBO, Milton Rangel limitou-se a dizer que era administrador da Cootvedele e que a equipe de reportagem deveria procurar a Secretaria de Saúde.

MP suspeita de influência nas indicações ao governo

Segundo o Ministério Público estadual, a relação das cooperativas ligadas a Milton Rangel com o governo do estado começou no governo Rosinha Garotinho.

Durante as investigações do MP, que resultaram na prisão do ex-secretário de Saúde Gilson Cantarino, mês passado, os promotores descobriram que três empresas vinculadas a Rangel ¿ FOB Planejamento Estratégico, LDL Serviços de Processamentos de Dados e a Check Point Serviços Terceirizados ¿ receberam R$5,1 milhão do governo para realizar ações da saúde itinerante pelo estado, como aplicação de flúor e aferição de pressão. No entanto, as empresas jamais comprovaram ter desenvolvidos tais atividades.

O Ministério Público investiga que tipo de relação Milton Rangel tem com a Febracoop. Além de irmão da vice-presidente, os promotores suspeitam que ele tenha poder de influência na indicação das cooperativas ao governo do estado.

A Secretaria estadual de Saúde voltou a informar que, a partir de 1º de outubro, os profissionais terceirizados começarão a ser substituídos por concursados.