Título: Em Catanduvas, Carminha ficará em cubículo individual de 7m²
Autor: Brígido, Carolina ; Lamego, Cláudia
Fonte: O Globo, 30/08/2008, O País, p. 8
Agentes penitenciários da unidade já avisaram o governo sobre possível greve
Ana Paula de Carvalho
CURITIBA. A candidata Carminha Jerominho deve enfrentar dias difíceis pela frente no presídio federal de segurança máxima de Catanduvas, no Oeste do Paraná. Mesmo se não for designada para uma cela destinada a presos do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), que ficam incomunicáveis, Carminha deve permanecer uma semana no setor de inclusão, onde 12 celas são reservadas para os novatos se adaptarem ao sistema.
De lá, a candidata a vereadora vai para uma das 208 celas individuais, onde ficará instalada sozinha num cubículo de sete metros quadrados (uma média de 2,33m por 3m). Na cela há cama, mesa, banco e prateleira, tudo de concreto, além de banheiro com pia e vaso sanitário. Ao invés do chuveiro, Carminha terá que se contentar com um jato d"água que desce por um buraco na parede e é acionado por tempo determinado.
A candidata do Rio de Janeiro, que vai responder aos crimes de formação de quadrilha armada, tentativa de homicídio e coação eleitoral, vai engrossar a lista dos bandidos famosos que seguiram para Catanduvas, como o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, também do Rio.
Com 124 presos, a penitenciária de Catanduvas já foi alvo de muitas denúncias envolvendo aproximação entre agentes penitenciários e Beira-Mar, bem como a prática de torturas, da qual teria sido vítima José Reinaldo Girotti, um dos maiores assaltantes de banco do país.
A categoria dos agentes penitenciários, que foi criada sem ser acompanhada de um plano de carreira, já comunicou indicativo de greve ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e marcou para terça-feira assembléia para deliberar sobre a forma da paralisação na unidade e também em Campo Grande, onde o governo federal mantém outro presídio. O Sindicato dos Agentes Penitenciários afirma que nenhuma de suas reivindicações foi levada em consideração pelo órgão. Em Catanduvas, trabalham 170 agentes penitenciários, enquanto em Campo Grande são 270.