Título: Indústria têxtil ainda vê ameaças à competitividade
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Fonte: O Globo, 01/09/2008, Economia, p. 15
O diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, concorda com a avaliação do potencial do mercado chinês, mas lamenta que as relações comerciais sejam altamente desequilibradas. Ele citou exemplos de fatores que distorcem os preços no mercado internacional e torna os produtos brasileiros menos competitivos, como a alta depreciação da moeda chinesa, o yuan, frente ao dólar - o que torna as vendas do país asiático mais competitivas - e o aumento dos subsídios do governo da China às exportações, que já está em vigor.
- Hoje, a China é mais ameaça do que oportunidade - disse Pimentel.
Ao mesmo tempo, afirmou o dirigente da Abit, o empresário brasileiro enfrenta o real valorizado e a elevada carga tributária. Mesmo assim, Pimentel enfatizou que existe uma estratégia ofensiva da indústria nacional, com investimentos em roupas de marca, design e estilo.
- O que nos preocupa é o futuro - acrescentou.
Para conseguir entrar no mercado chinês - e aproveitar a ocidentalização dos hábitos de consumo e a incorporação das classes com rendas mais baixas -, são apontadas várias formas: exportação, abertura de escritório de representação comercial, instalação de uma planta de produção, licenciamento, joint venture, entre outras.
No entanto, a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) faz algumas ressalvas que devem ser observadas pelo empresário brasileiro. A primeira delas é que a China se diferencia de outros mercados pela peculiaridade nos tempos de maturação, após a entrada e o início da expansão do negócio. A maturação leva pelo menos cinco anos e só depois vem o retorno. "As empresas bem-sucedidas no mercado local seguiram passos comuns", diz a pesquisa da agência sobre o consumo chinês.
A compreensão da cultura chinesa e de seu marco regulatório, a análise detalhada dos riscos associados à entrada no mercado, o desenvolvimento de um planejamento flexível e a adaptação ao pragmatismo dos empresários daquele país são algumas das recomendações.
- Há um potencial imenso para o Brasil, não apenas na China, mas também em outros mercados. Afinal, temos apenas 1,4% de participação no mercado mundial. Mas é importante o empresário brasileiro aparecer, participando de desfiles e outros eventos no exterior - disse o diretor de negócios da Apex, Maurício Borges. (E.O)