Título: Mais 19 parentes demitidos na Câmara
Autor: Braga, Isabel; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 04/09/2008, O País, p. 12

BRASÍLIA. Os orçamentos familiares de alguns deputados sofrerão uma grande baixa este mês. Boletins administrativos da Câmara divulgaram ontem a exoneração de 30 pessoas, sendo pelo menos 19 comprovadamente parentes. Os deputados João Magalhães (PMDB-MG) e Pedro Fernandes (PTB-MA) tiveram que demitir, cada um, quatro parentes.

A remuneração mensal da família Magalhães, que empregava a mulher, a sogra, o pai e um sobrinho, era de mais de R$11.500, sem contar o subsídio de R$16.500 do deputado. Já Fernandes era mais generoso: os quatro parentes, juntos, recebiam por mês R$24.735,52. Ele deu à mulher, Maria Aparecida, o salário mais alto entre os secretários parlamentares: R$8.040. O filho, Pedro, tinha o mesmo salário. O sobrinho de Fernandes e o seu irmão, recebiam um pouco menos. Já Magalhães pagava à mulher, Renata, R$4.447,98 (incluindo gratificações).

O número de demitidos por força da súmula do Supremo Tribunal Federal (STF) que acaba com o nepotismo pode ser muito maior que 19 só na Câmara porque, na lista das 42 últimas exonerações (de 26 de agosto a 1º de setembro), há muitos servidores com sobrenomes iguais aos dos deputados ou de seus parentes, mas o grau de parentesco ainda não foi confirmado. Entre eles está o caso de Thayane Bentes de Luca, demitida por Asdrubal Bentes (PMDB-PA). Do gabinete de Bentes devem vir mais demissões: ele emprega outros três parentes com o mesmo sobrenome, além da cunhada.

Entre demissões já anunciadas está a de Layla de Souza, mulher do deputado Carlos Willian (PTC-MG). O deputado disse que cumprirá a decisão, mas manifestou sua contrariedade:

- Demiti a contragosto. Acho um absurdo. Uma pessoa que vem na sua cama quando você precisa, entra no banheiro quando você precisa, cuida das finanças, cuida dos casos sigilosos. Vai me fazer falta.

A história do deputado Gilmar Machado (PT-MG) é um pouco diferente. Entre as demissões está a de Rosangela Borges, que já trabalhava em seu gabinete quando os dois se apaixonaram e se casaram no último dia 27. O deputado Sandro Mattos, também empregava a mulher, Luciene, pagando R$8.040.

O boletim administrativo do Senado também publicou ontem uma nova leva de demissões. Entre elas a do filho do senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO). O senador Flávio Arns (PT-PR), demitiu um sobrinho e a mulher que trabalhavam em seu gabinete em Curitiba. Arns decidiu exonerar também três parentes de funcionários comissionados de seu gabinete. Nem mesmo seu motorista, José Vieira Caixeta Júnior, escapou.