Título: Dez mil militares combaterão currais do crime no Rio a partir do dia 11
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Fonte: O Globo, 06/09/2008, O País, p. 4
Encontro na sede do Exército acerta detalhes do envio de tropas ao estado
As operações de combate à ação do tráfico e das milícias nos currais eleitorais do Rio vão começar na próxima quinta-feira, dia 11, a menos de um mês das eleições. A decisão foi formalizada ontem à noite, em reunião entre representantes do Exército, do 1º Distrito Naval e do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na sede do Comando Militar do Leste (CML), no Centro. No total, 10 mil homens que trabalham em unidades militares do Rio, sendo a metade deles parte da Brigada de Infantaria Pára-quedista, vão participar das ações. Um contingente de dois mil soldados de quartéis de Minas Gerais e homens de Forças Especiais da guarnição de Goiânia deverão ser deslocados para o Rio.
A estratégia prevê a utilização de helicópteros e de aparelhos para monitorar a comunicação, por radiotransmissores, feita por traficantes e milicianos. O comandante militar do Leste, Luiz Cesário da Silveira Filho, e o coordenador da Fiscalização da Propaganda Eleitoral no estado, juiz Luiz Márcio Pereira, participaram do encontro. No dia 14 de agosto, o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, por unanimidade, autorizar o envio das tropas para o Rio. Os detalhes do envio das tropas voltarão a ser discutidos em reunião na próxima terça-feira.
Jobim: homens serão distribuídos por 17 pontos
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem no Rio que a meta é colocar de 450 a 900 homens em cada uma das 17 localidades listadas pela Justiça Eleitoral, em sistema de revezamento, de acordo com um calendário que ainda será definido pelo TRE. Ontem o ministro afirmou, durante solenidade no Arsenal da Marinha, que a função das tropas federais será de assegurar o procedimento eleitoral.
- Teremos um modelo de mobilidade. As tropas vão circular pelos locais determinados pelo Tribunal Superior Eleitoral. Serão três pontos básicos: assegurar a presença da imprensa, a circulação dos candidatos e a manifestação dos eleitores. E a função será de pacificar essas áreas para que todos possam circular, inclusive a imprensa - explicou Jobim.
O reforço das tropas na segurança do processo eleitoral foi decidido com atraso, em meio a uma polêmica entre o governador Sérgio Cabral e o general Cesário. Cabral chegou a afirmar que "com o general Cesário as coisas não andam", referindo-se à demora na autorização para o envio das tropas. Já o comandante militar do Leste disse que o pedido de reforços feito por Cabral não tinha amparo legal.
Nas ruas, os militares utilizarão o armamento convencional do Exército e armas não-letais, como granadas de luz e de gás lacrimogêneo. Escopetas de balas de borracha devem ser incluídas no arsenal. Para gerenciar todos os grupamentos que estarão nas ruas, um centro de controle das operações será instalado na sede do CML.
O serviço de inteligência do Exército está trabalhando para mapear os locais onde as tropas vão se instalar. Os armamentos estão sendo preparados pelo Exército para serem trazidos ao Rio. Os limites da atuação das tropas ainda não foi decidido.
O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, disse ontem, em entrevista na Secretaria de Segurança, que não recebeu comunicado de Brasília sobre a atuação das tropas na cidade.