Título: Polícia Rodoviária Federal faz escuta, segundo 'Época'
Autor:
Fonte: O Globo, 06/09/2008, O País, p. 15

CRISE DO GRAMPO: Deputado considera procedimento grave

PRF diz à CPI não saber número de interceptações feitas

BRASÍLIA. Em se tratando de grampos e arapongagem, as escutas irregulares no Brasil parecem mesmo não ter limites e alcançam setores onde esse tipo de espionagem é difícil de ser justificado. Reportagem da revista "Época" que começa a circular hoje revela que até mesmo agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) estão usando esse instrumento para fazer investigações. A denúncia se baseia em investigação da CPI dos Grampos.

A coordenação de inteligência da PRF relatou 14 casos em que ofícios de delegados de polícia e promotores requisitam as escutas. Entretanto, comunicou à CPI não ter idéia do número de interceptações que fez desde 2002, quando começaram os grampos na corporação que tem como função apenas patrulhar as rodovias federais. Segundo o chefe de gabinete da direção da PRF, Marcelo Paiva, a iniciativa foi da polícia e do Ministério Público.

Reportagem mostra compra de equipamento pela PRF

Reforçando as suspeitas da CPI dos Grampos de que outras instituições, e não é só a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), podem ter kits que permitem grampear e gravar conversas telefônicas sem autorização judicial, a revista diz que a PRF de Mato Grosso do Sul , em 2006, comprou por R$177.900 três plataformas de comunicação telefônica da Wytrom Technology Corporation, empresa do chinês Tao Hua radicado em Belo Horizonte. Hua, segundo a revista, é especializado em vender material de gravação telefônica até para empresas privadas.

O equipamento vendido para a PRF de Mato Grosso do Sul e de mais quatro estados grampeia as chamadas telefônicas de rede fixa, de celulares e de telefones via satélite, e de transmissões de fax. Como a direção da Abin, a PRF diz que um deles é usado apenas para fazer varreduras antigrampo.

- O que está ocorrendo na PRF é da maior gravidade. Ela não tem competência legal para fazer interceptação telefônica nem para comprar equipamento de escuta - diz o deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), presidente da CPI.

Em outra reportagem, a revista "Época" revela que o governo investiga a atuação de um grupo de policiais e arapongas que estariam monitorando os passos da cúpula do PT e até mesmo de parentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a revista, o eles contariam com apoio de um empresário. Essa organização seria até conhecida como o "grupo dos 13".