Título: Crivella cobra apoio de Jandira
Autor: Duran, Sergio
Fonte: O Globo, 10/09/2008, O País, p. 3

Candidato diz ter pacto com adversária. Ela reage: "O bispo não deveria mentir porque é pecado"

Sergio Duran

Faltando 25 dias para as eleições, o candidato do PRB à prefeitura do Rio, Marcelo Crivella, admitiu pela primeira vez ter iniciado uma busca de alianças junto aos adversários na disputa. Até então líder nas pesquisas e certo de sua presença no segundo turno, Crivella mudou de tom depois de ter perdido a liderança nas intenções de voto para Eduardo Paes (PMDB). Na pesquisa Datafolha, o peemedebista teve 25%, contra 21% do senador do PRB. Como a pesquisa tem margem de erro de três pontos, os dois estão em empate técnico, mas Paes subiu oito pontos, e Crivella, apenas um.

Em recado para Jandira Feghali (PCdoB), que caiu três pontos e foi a 12%, o senador cobrou dela um apoio que, segundo ele, teria sido negociado ainda na pré-campanha. Jandira negou qualquer acordo e o chamou de mentiroso.

- Fizemos um almoço, eu e Jandira, (na pré-campanha) e conversamos sobre fazermos uma campanha de não-agressão e de respeito mútuo. Deixamos ali não acertado, mas um princípio de conversa de que quem fosse para o segundo turno teria o apoio do outro. Essas coisas precisamos finalizar - disse Crivella.

O almoço ocorreu a convite do senador, em sua casa, na Barra da Tijuca. Segundo o candidato do PRB, os partidos mantêm relação de aliança em outros estados, que deve ser levada em consideração no Rio. Em Minas Gerais, o vice da candidata Jô Moraes (PCdoB) é o administrador de empresas e pastor batista Cláudio Sampaio, do PRB. A sigla também apóia a coligação que inclui o PCdoB e o PT em São Paulo.

Jandira admite ter conversado com Crivella, mas não cogita apoiá-lo no segundo turno porque diz acreditar que vai se qualificar para a disputa. Já a falta de críticas entre os candidatos ao longo do primeiro turno foi justificada pelo foco na apresentação de propostas.

- Fui a um almoço de cortesia, conversamos sobre política, mas em momento algum houve esse pacto de não-agressão ou essa análise nacional. O bispo não deveria mentir porque mentir é pecado - contra-atacou a candidata.

Conversa envolve outros partidos

Além do PCdoB, a estratégia de Crivella inclui chamar outros partidos. As decisões foram tomadas em reunião realizada anteontem em seu comitê de campanha:

- A idéia é de que no segundo turno possamos ter o apoio dos partidos ligados aos movimentos populares: do PT, do PSB, do PCdoB e do PDT. E até o dos partidos pelos quais o Eduardo já andou. Ele foi de cinco partidos. Quando o sujeito sai de um partido, acaba deixando mágoas, tristezas, e este não tende a apoiar aquele que o abandonou.

Líder na pesquisa, Paes prefere não polemizar.

- É direito dele procurar os partidos que quiser. Enquanto isso, sigo com minha campanha apresentando soluções para os problemas da cidade. Pelo que sei, DEM e PSDB têm candidatos e estamos no primeiro turno - respondeu Paes.

Antes de ingressar no PMDB, Paes foi filiado ao DEM - que concorre à prefeitura com Solange Amaral - e ao PSDB, que tem o deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha como vice de Fernando Gabeira (PV). Há duas semanas, Crivella esteve em um encontro com o presidente do Democratas, Rodrigo Maia, em um hotel na Barra da Tijuca. Eles negaram ter discutido a sucessão municipal e Maia dissera que o encontro foi apenas para discutir o "pré-sal". Ao ser perguntado se a busca de alianças também passa pelo DEM, o senador disse buscar todos os apoios:

- Esta aliança para o segundo turno é em torno de um programa, ela inclui todos os que quiserem participar.