Título: Por que a investigação pode não vingar
Autor: Brito, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 26/05/2009, Política, p. 02

Os principais partidos da base aliada e da oposição têm ou já tiveram representantes indicados para cargos da Petrobras e de suas subsidiárias e também ocupam a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Além disso, três das principais empreiteiras do país, Camargo Corrêa, Norberto Odebrecht e OAS, têm contratos importantes com a Petrobras e doaram, nas eleições de 2006, mais de R$ 15 milhões a candidatos dessas legendas. Numa guerra fria, essa passagem dos partidos por órgãos ligados ao setor petrolífero e as milionárias doações de campanha ¿ ano que vem terá eleições ¿ reduzem, em tese, o potencial de estrago das investigações. Veja os indicados dos partidos:

PMDB A legenda comanda o Ministério de Minas e Energia com o senador Edison Lobão (MA), e, na Petrobras, tem voz no conselho de administração da estatal por meio do ex-ministro Silas Rondeau, ambos indicados para os cargos pelo presidente do Senado, José Sarney (AP). A bancada federal do partido em Minas tem o diretor internacional, Jorge Luiz Zelada, responsável por negociar acordos com grupos estrangeiros. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), apadrinhou o ex-senador cearense pelo partido Sérgio Machado, para o posto de presidente da Transpetro. Esta subsidiária da Petrobras comanda a licitação bilionária para a compra de navios e é a principal empresa da estatal de logística e transporte de combustíveis.

PT Petista histórico na Bahia, o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, assumiu o cargo com a saída de José Eduardo Dutra, que ocupava o cargo desde o início do governo Lula. Dutra, que perdeu as eleições para o Senado em 2006, ganhou logo depois a presidência da BR Distribuidora, a subsidiária da Petrobras que atua na comercialização e distribuição de derivados de petróleo por todo o Brasil. Uma das principais auxiliares da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, quando passou pela pasta de Minas e Energia, é a engenheira química Maria das Graças Foster, que, depois de passagem pelo ministério e pela BR Distribuidora, ocupa agora a diretora de Gás e

PCdoB Desde o início do governo Lula, aos poucos, os comunistas ocuparam visíveis cargos na Agência Nacional de Petróleo (ANP), responsável por regular o bilionário mercado de combustíveis. Entre os principais cargos da agência, o partido conta com o diretor-geral, Haroldo Lima, e o diretor Allan Kardec.

Democratas O antigo PFL comandou a pasta de Minas e Energia durante a maior parte do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), por meio dos ex-ministros Rodolpho Tourinho e José Jorge. No período, ocorreu o apagão energético. Um outro caso que pode virar alvo da CPI é o líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN), cujo filho, o deputado Felipe Maia, tem uma empresa com contrato com a BR Distribuidora.

PSDB Um dos focos de apuração contra os tucanos pode ser a Agência Nacional de Petróleo (ANP), criada no governo Fernando Henrique Cardoso. À época, o diretor-geral da agência foi David Zylbersztajn, ex-genro