Título: Para esfriar crise, Jobim adia ida a CPI
Autor: Camarotti, Gerson; Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 09/09/2008, O País, p. 15

BRASÍLIA. Depois de determinação expressa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de baixar a temperatura da crise política, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, pediu ontem adiamento, por uma semana, de seu depoimento à CPI do Grampo, que estava agendado para amanhã. Oficialmente, Jobim alegou que foi convocado pelo presidente para integrar uma comitiva que irá à Amazônia, para o início das obras do gasoduto Coari-Manaus. Mas o adiamento teve como objetivo tirar do noticiário o bate-boca público travado na semana passada entre Jobim e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Félix, sobre a autoria do grampo nos telefones do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

Lula já havia decidido enquadrar os ministros exigindo o fim da divergência pública. Ontem, a percepção no núcleo do governo era de que a denúncia de grampo só ganhou novo fôlego com a divisão do governo diante da polêmica sobre a aquisição, pela Abin, de equipamentos capazes de fazer escutas ilegais. Por isso, a expectativa é de que Jobim evite entrar na polêmica sobre esses equipamentos.

Ontem, Jobim disse que vai sugerir à CPI que agende seu depoimento para a próxima quarta-feira. Ele não quis comentar a suspeita de que um araponga do antigo SNI fez o grampo, como publicou a revista "Isto É":

- Não acho nada. Isso não me diz respeito. É um assunto que deve ser esclarecido com o prosseguimento do inquérito.

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