Título: Barril do petróleo volta aos US$100
Autor: Novo, Aguinaldo; Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 10/09/2008, Economia, p. 26

Especialistas do setor já prevêem cotação a US$90 nos próximos meses

Ramona Ordoñez*

RIO, NOVA YORK, LONDRES e VIENA. O barril do petróleo tipo Brent chegou a ser negociado ontem abaixo dos US$100, depois de o presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Chekib Jelil, ter afirmado que o cartel não deve reduzir suas cotas de produção. Para especialistas e empresários do setor, os preços continuarão em queda, devendo se estabilizar na faixa dos US$90 o barril até o fim do ano.

O barril do Brent fechou o dia a US$100,34, com queda de 3%, mas registrou a mínima de US$99,30. Desde abril, o barril do Brent não era negociado a US$100 e desde 4 de março a cotação não fechava abaixo desse patamar. Em Nova York, o barril do tipo leve americano caiu 2,90%, para US$103,26, o menor patamar desde 1º de abril (US$100,98).

Segundo o especialista Marcel Pereira, da RC Consultores, os preços podem continuar oscilando, mas no fim do próximo ano devem fechar, no máximo, a US$110 o barril.

Queda ajudaria a decidir sobre exploração do pré-sal

Analistas e empresários consideram que a queda dos preços internacionais pode ser benéfica para o Brasil.

- Essa queda de preços é boa para o país ter maior frieza na discussão da regulamentação para a área do pré-sal. Não se pode definir uma legislação avaliando apenas o pico das cotações - disse o advogado especialista em petróleo Alexandre Aragão, do escritório Rennó, Aragão & Lopes da Costa Advogados.

Marcel Pereira, por sua vez, destacou que a redução das cotações dos preços do petróleo, assim como de outras commodities, vai ajudar a pressionar menos a inflação. Isto porque, apesar de a Petrobras não ter repassado todos os aumentos de preços internacionais para a gasolina e o óleo diesel, se os preços continuassem em alta, seria preciso promover algum reajuste. Ao mesmo tempo, a Petrobras tem subido os preços dos demais combustíveis como o querosene de aviação (QAV) e a nafta petroquímica.

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip), Wagner Freire, também destacou a importância da queda dos preços do petróleo neste momento em que o governo discute mudanças na regulamentação do setor.

- Sempre se destaca quando os preços sobem demais ou caem, mas a indústria do petróleo planeja seus investimentos no longo prazo. E o país precisa de recursos para investir no pré-sal - destacou Freire.

A Opep está reunida em Viena e deve anunciar hoje se aumenta ou não sua oferta de petróleo. Ao chegar para a reunião, o ministro saudita do Petróleo, Ali Naimi, deu a entender que o cartel deve manter sua produção, apesar da queda nos preços do produto no mercado mundial.

- O mercado está equilibrado - afirmou - Acho que as coisas estão equilibradas, em uma posição saudável.

Também contribuiu para o recuo dos preços do petróleo o fato de o furacão Ike ter perdido força ao chegar a Cuba.

(*) Com agências internacionais