Título: Aneel aprova projeto da Suez para usina de Jirau
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 09/09/2008, Economia, p. 27

SÃO PAULO. O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, afirmou ontem que não vê ilegalidade na mudança do local da barragem da usina de Jirau, no Rio Madeira. No projeto apresentado ao governo, o consórcio liderado pela Suez deslocou em cerca de nove quilômetros o local da barragem - gerando contestações por parte da Odebrecht, que participava do grupo derrotado no leilão. Segundo Kelman, o edital de venda da hidrelétrica levou em conta um estudo de viabilidade que, como tal, é passível de mudanças.

- O estudo de viabilidade, como diz o nome, serve para verificar se a usina é viável e qual seria o preço-teto. É para isso que serve. Na fase de projeto básico (apresentado pelo grupo vencedor depois do leilão) é possível alterar o local da usina - afirmou Kelman, depois de participar de seminário em São Paulo - Nove quilômetros não é muito comum, mas é possível.

Leilão de linhas de transmissão será este ano

Ainda segundo o executivo, o recurso natural de um trecho do rio "deve ser plenamente utilizado e isso implica diferentes soluções". Ele afirmou que a Aneel está mais preocupada com a garantia física das obras e com eventual impacto ambiental na região. A decisão final sai até dezembro. Dependendo do resultado, a Odebrecht ameaça recorrer à Justiça para brecar o contrato.

- O que está sendo estudado agora é se o projeto básico é bom ou não - disse.

Presente no mesmo evento, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmou que o leilão de linhas de transmissão das hidrelétricas do Rio Madeira deve acontecer no último trimestre deste ano. Segundo ele, a data exata ainda depende do Tribunal de Contas da União, que analisa os termos do edital. Os investimentos previstos no projeto do chamado "linhão", para o transporte de energia para a Região Sudeste, devem chegar a R$9 bilhões.

- Será vencedor quem apresentar o menor preço pela solução tecnológica, se linha contínua ou híbrida (contínua e alternada) - afirmou Tolmasquim, lembrando que o leilão da usina de Belo Monte será em setembro de 2009.