Título: Com eleições, gastos do governo avançam 5,8%
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 11/09/2008, Economia, p. 27

Municípios antecipam contratações. Impostos sobem com alta do consumo

As eleições municipais são a explicação para o avanço forte do consumo do governo no primeiro semestre do ano. No segundo trimestre, a alta foi de 5,3%, ligeiramente abaixo dos 5,8% dos primeiros meses do ano, na comparação com os mesmos períodos de 2007, de acordo com os números do PIB, divulgado ontem pelo IBGE.

- O consumo (do governo) está em torno de 5% e foi puxado, principalmente por estados e municípios. A contratação estava limitada até 5 julho (pelas restrições eleitorais) e acreditamos que houve uma antecipação de contratação, o que explica essa alta no consumo superior à dos anos anteriores. No ano, está em 5,6% - explicou Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE.

Segundo Armando Castelar, economista da Gávea Investimentos, a receita tributária vem crescendo a um ritmo forte.

- Esses números refletem também um relaxamento orçamentário diante do aumento da arrecadação - disse.

As obras públicas, inclusive as do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), tiveram impacto nas contas, segundo o IBGE, mas no item investimento. O instituto não consegue separar o investimento público do privado.

Para o economista-chefe da Convenção Corretora, Fernando Montero, esses gastos públicos captados pelo IBGE são até melhores, já que os estados e municípios investem mais que a União.

Para o economista do Ipea Paulo Levy, esse movimento do consumo do governo parece ser uma questão transitória, motivada pelas eleições:

- Em 2004, houve esse mesmo fenômeno. A tendência é de uma desaceleração no segundo semestre.

Pela ótica da despesa, a administração pública, que inclui saúde e educação, contribuiu para alta do PIB trimestral, passando de 0,8% nos três primeiros meses do ano para 2,3% no segundo trimestre.

Os impostos na comparação trimestral subiram 8,3% e responderam por 0,7 ponto percentual da alta do PIB no ano. Segundo Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do IBGE, o próprio crescimento do consumo das famílias levou à expansão maior dos impostos:

- Quando o consumo aumenta, impostos como ICMS e IPI vão junto.

Rebeca acrescenta que o Imposto de Importação foi outro componente a puxar essa conta no PIB.

- Apesar de ter um peso pequeno, esse imposto teve uma expansão muito grande - (C.A.)