Título: Construção civil puxa a indústria
Autor: Almeida, Cássia; Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 11/09/2008, Economia, p. 28

Volume de crédito destinado à habitação explica crescimento do setor

Após anos de estagnação, a indústria da construção civil - um dos principais setores a puxar o bom resultado da economia brasileira neste ano - vive um período de retomada dos investimentos. No segundo trimestre, a construção civil cresceu 9,9% frente a igual período do ano passado. Segundo o IBGE, a alta reflete uma expansão de 26,7%, em termos nominais, do volume de crédito destinado à habitação. Além disso, nesse período, o número de trabalhadores na construção civil cresceu 5%. Especialistas indicam ainda que as boas notícias do setor devem continuar nos próximos anos.

Segundo Roberto Kauffmann, presidente do Sindicato da Construção Civil do Rio (Sinduscon-Rio), o setor deve encerrar 2008 com crescimento de 7%. Para ele, os recursos de financiamentos explicam parte dos avanços.

- Caderneta de poupança, FGTS e setor privado devem fechar este ano com recursos para empréstimo da ordem de R$55 bilhões. É um volume considerável, especialmente quando se fala de um setor que vinha estagnado há alguns anos. Agora, as perspectivas são bastante positivas pelos próximos dois, três anos.

Alta de juros não deve afetar crescimento do setor

A Concal é uma das empresas que ajuda a engrossar os números do setor. A companhia está investindo na classe média em 2008: dos 11 prédios programados para serem lançados pela construtora até o fim do ano, seis são voltados para esse público. A construtora prevê crescer 200% sobre 2007, registrando um volume de vendas de lançamentos de R$250 milhões. Em 2007, a empresa cresceu 70% com relação ao ano anterior, registrando um volume de vendas de R$85 milhões. Os investimentos da Concal em 2008 são de R$80 milhões.

- A maioria dos empreendimentos construídos pela Concal foi para a classe alta, com empreendimentos de alto luxo na Zona Sul do Rio - afirmou o empresário José Conde Caldas.

Segundo Kauffmann, a alta dos juros não deve frear os investimentos no setor, nem esfriar demanda aquecida de agora. Para Caldas, o mercado imobiliário não se abalou com a alta dos juros. Pelo contrário, o setor está otimista com o segundo semestre deste ano. De acordo com o empresário, os agentes financeiros estão tornando disponíveis para as construtoras até 90% do custo da produção.

- Com os problemas que têm ocorrido na bolsa e a insegurança em outras aplicações, muita gente volta a adquirir imóveis como investimento, inclusive a classe média. (Fabiana Ribeiro)