Título: Investimento atinge níveis recordes, com expansão de 16,2% no trimestre
Autor: Almeida, Cássia; Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 11/09/2008, Economia, p. 28

PIBÃO NA CRISE: Fim da greve da Receita e importações ajudaram na alta

Compra de máquinas e equipamentos cresce acima de 10% desde 2006

Cássia Almeida e Fabiana Ribeiro

RIO e BRASÍLIA. Grande destaque do PIB, o investimento de indústrias, agricultura e do setor de construção civil cresceu 16,2% no segundo trimestre, frente a igual período do ano passado, na maior alta em 12 anos, desde que teve início a atual série histórica do IBGE. No ano, a formação bruta de capital fixo (gastos com máquinas e equipamentos mais construção civil) acumula alta de 15,7%, também a maior taxa semestral da série do IBGE.

Para especialistas, as informações indicam que o empresário está confiante na economia brasileira. E a alta dos investimentos podem dar continuidade ao crescimento sustentado do país.

- O investimento vem crescendo a dois dígitos desde o terceiro trimestre de 2006. E está nesse patamar de expansão entre 15% e 16% nos últimos quatro trimestres - disse o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto.

O instituto destacou que contribuiu para a alta dos investimentos no segundo trimestre uma expansão do crédito para empresas de 41,3% nesse período. Além disso, apesar da alta recente dos juros pelo Banco Central, em média, a Selic estava em 11,7% no segundo trimestre de 2008, contra 12,3% do mesmo período do ano passado.

Sem investimentos, PIB teria crescido só 4% no semestre

Dos R$716,92 bilhões gerados em riquezas pela economia brasileira no primeiro semestre, 18,7% vieram de investimentos, na maior taxa já registrada desde 2000. Segundo cálculos da LCA Consultores, sem a forte expansão dos investimentos, o PIB brasileiro teria crescido apenas 4% nos primeiros seis meses deste ano - bem abaixo dos 6% registrados.

- Os números mostram que há um crescimento intensivo dos investimentos. E até agora esse crescimento sustentado afasta a tese de pressão inflacionária pela demanda - disse Rogério César de Souza, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), ressaltando que outros aspectos da economia vão bem. - Emprego e produção crescem.

Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do instituto, explica que o fim da greve da Receita Federal permitiu um aumento nas compras do exterior, o que beneficiou diretamente os investimentos:

- A importação ajudou nas compras de máquinas e equipamentos, que respondem por 60% do investimento.

BNDES: investimentos fortes, apesar da crise dos EUA

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, destacou que o crescimento dos investimentos no país vem ocorrendo desde o ano passado, apesar da crise nos EUA. A principal razão, acrescentou, é o forte mercado interno, cujas taxas de crescimento são maiores do que a da economia em geral.

- A partir do BNDES, posso testemunhar que a aceleração dos investimentos é muito firme e não vai parar.

Para o presidente do Banco do Brasil, Antonio Lima Neto, esse cenário dá mais tranqüilidade a bancos e empresas para investir.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) também salientou o fato de o resultado do PIB no primeiro semestre se fundamentar no aumento da taxa de investimentos.

- A taxa de 6,1% verificada no segundo trimestre vai derrotar os pessimistas.

COLABORARAM Gustavo Paul e Patrícia Duarte