Título: PIB entre críticas e elogios na Fiesp
Autor: Bôas, Bruno Villas; Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 11/09/2008, Economia, p. 31

Empresários reclamam da infra-estrutura e admitem desaceleração em 2009

Lino Rodrigues

SÃO PAULO. Animados com o resultado acumulado até o primeiro semestre, os empresários já enxergam espaço para que o Produto Interno Bruto (PIB) volte a fechar com crescimento robusto, entre 5% e 5,5% no ano. A Fiesp e a Abimaq revisaram suas estimativas para este novo patamar, depois de começar o ano falando em uma taxa entre 4% e 4,5%. Mas os empresários admitem uma desaceleração em 2009 por conta do aumento do juro e da conjuntura internacional adversa. Eles reclamam ainda da falta de infra-estrutura e do peso dos impostos.

O resultado do PIB foi a tônica da reunião realizada ontem na sede da Fiesp, com a presença de empresários que compõem o chamado Conselho Superior Estratégico da entidade, com nomes como Jorge Gerdau, Cledorvino Belini (Fiat), Marcelo Odebrecht e Roger Agnelli (Vale), entre outros 23 grandes empresários do país.

O "momento extraordinário", como classificou Gerdau, pelo qual passa o país é fruto do aumento dos investimentos e da desaceleração da inflação. Pelo quadro geral, disse ele, o ritmo de expansão deverá continuar pelo próximo semestre. Mas o grande temor dos empresários, lembra, são os juros elevados, que ainda terão efeito maior sobre o nível de atividade do próximo ano.

- Na realidade, você pode colocar qualquer juro que quiser que esses preços internacionais não serão influenciados pelo Brasil. A condução do balanceamento do fenômeno do impacto da globalização sobre a inflação ainda é muito novo. Se o Banco Central quiser corrigir pelo juro internamente, vai dificultar a estrutura de crescimento no futuro - disse Gerdau.

Construção continuará crescendo, diz Odebrecht

Já o presidente da Vale, Roger Agnelli, afirmou que o avanço de 6,1% do PIB é "muito bom" para o país e, melhor ainda, tem fôlego para se manter até o fim do ano. Mais crítico, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, lembrou do aumento de impostos que ficou acima da alta do PIB. A manutenção de um PIB "robusto" ao longo dos próximos anos, disse ele, está condicionada à solução dos problemas brasileiros e a eliminação dos gargalos e dificuldades que impedem um crescimento elevado:

- 6,1% é um crescimento importante para o PIB, mas vale lembrar que o aumento dos impostos foi de 8,5%.

Responsável por boa parte da alta do PIB neste primeiro semestre, o setor de construção civil, que registrou um aumento de quase 10% em seus investimentos, deve continuar crescendo este ano, segundo o presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht.

- Hoje, o limitador do crescimento no Brasil são menos fatores externos e mais os entraves internos, principalmente na educação e infra-estrutura. Se resolvermos essas questões, o país pode continuar crescendo nos próximos anos - disse.