Título: BNDES: receita de US$182 bi com produto em 2030
Autor: Ordoñez, Ramona; Ribeiro, Erica
Fonte: O Globo, 11/09/2008, Economia, p. 34

De acordo com o estudo, extração apenas no pré-sal chegaria a 5 milhões de barris por dia

Henrique Gomes Batista

BRASÍLIA. Um estudo do grupo de petróleo, gás e etanol do BNDES mostra que o Brasil poderá exportar, em 2015, 400 mil barris de petróleo por dia, gerando até US$16 bilhões de receita por ano, o que será possível com a exploração do pré-sal. Em 2030, as exportações poderiam chegar a 3,5 milhões de barris diários, o que significaria a entrada de US$182 bilhões anuais no país. O levantamento, porém, diz que para isso é preciso superar obstáculos, como o desenvolvimento de tecnologias e formas de financiamento.

Elaborado pela equipe do economista Antônio Barros de Castro, o estudo corrobora as previsões feitas, no fim de agosto, pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. Ele afirmara que, a partir de 2009, a produção nacional teria um excedente de 223 mil barris e que, em 2015, a exportação de petróleo alcançaria 475 mil barris por dia.

O levantamento do BNDES indica que a produção do petróleo chegaria a 5 milhões de barris por dia em 2030, considerando apenas a camada pré-sal, ou seja, excluindo a exploração das atuais reservas. O estudo mostra ainda que, até 2042, seriam necessárias mais 138 plataformas com produção de 180 mil barris diários, o que deve favorecer a indústria naval.

- Temos que lembrar que são estudos sem caráter oficial e revistos semanalmente - afirmou Castro, que participou ontem do seminário dos 200 anos do Ministério da Fazenda.

Paulo Nogueira: Brasil acertou ao abortar Alca

Ele defende que o país discuta a velocidade de exploração do pré-sal, se pretende capacitar a indústria nacional para atender à criação de um possível pólo exportador de petróleo e derivados.

Castro considerou dois cenários para avaliar o impacto das exportações de petróleo. No primeiro, com o barril a US$72, em 2015, e a US$85, em 2030, as vendas externas da commodity somariam US$11 bilhões e US$108 bilhões, respectivamente. No outro, com o barril a US$109, em 2015, e a US$143, em 2030, os embarques totalizariam US$16 bilhões e US$182 bilhões.

Também presente no seminário, o representante brasileiro no Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Júnior, afirmou que, caso o Brasil tivesse aderido à Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), haveria limitações à determinação de um elevado grau de nacionalização de equipamentos para a exploração do pré-sal:

- O governo brasileiro acertou ao abortar a Alca. Se o acordo estivesse valendo, políticas de incentivo à industria local, desenvolvimento de tecnologias e reservas de mercado seriam proibidas.

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