Título: Onda de denúncias
Autor: Rocha, Marcelo
Fonte: Correio Braziliense, 27/05/2009, Política, p. 02

setor de contratos do Senado foi alvo de investigação da Polícia Federal em 2006. Na época, a PF identificou indícios de um esquema de corrupção, patrocinado por donos de prestadoras de serviço, para vencer concorrências públicas e se manter na Casa por anos. Além de empresários, os policiais acusaram servidores públicos de, em troca de propina, atuar como comparsas dos suspeitos.

No fim do ano passado, como desdobramento do trabalho policial, o então presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), determinou a substituição de duas empresas terceirizadas ¿ a Ipanema e a Conservo. Nesse processo, a comissão de licitação identificou problemas que extrapolavam a suposta combinação de resultados denunciada pela PF. Os técnicos identificaram a prática do sobrepreço. Apenas na troca de uma das empresas, foi possível economizar R$ 7 milhões anuais.

Em fevereiro, na volta do recesso parlamentar, o Senado foi varrido por uma onda de denúncias que atingiu senadores e diretores do alto escalão, incluindo o ex-diretor-geral Agaciel Maia. E a área responsável pelas contratações voltou a ficar em evidência. Parte das irregularidades foi atribuída justamente aos contratos com as terceirizadas, num total de 34.

Foi identificado, por exemplo, que uma empresa paga um salário de R$ 884 aos 429 funcionários cedidos ao Senado, mas recebe R$ 3,5 mil para manter cada um. Essa diferença de valor é bem maior do que a estabelecida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como limite entre o que é pago pelo órgão público e o repassado ao funcionário da empresa. Chamada de fator K, essa proporção, segundo o TCU, tem de ficar, no máximo, em 2,5. Está em 4 no Senado.