Título: Fronteira com Brasil é bloqueada
Autor: Yafusso, Paulo
Fonte: O Globo, 13/09/2008, O Mundo, p. 42

CAMPO GRANDE. Integrantes do Movimento Cívico de Arroyo Concepción, da Bolívia, bloquearam no início na madrugada de ontem a ponte que liga a cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, à Bolívia. Pouco antes da meia-noite, caminhões despejaram montes de areia sobre a ponte que une os dois países, impedindo a passagem de todos os tipos de veículos. Segundo o auditor da Receita Federal Carlos Eloi Ferreira, só pode passar pela ponte os pedestres, entre eles alunos bolivianos que estudam em Corumbá. De acordo com manifestantes, a ponte será liberada somente à meia-noite de segunda-feira.

Abastecimento praticamente normalizado, diz Lobão

Ferreira trabalha na Receita Federal instalada no Posto Esdras, que fica na fronteira, a poucos metros do rio onde a ponte foi interditada. Ele diz que o protesto é pacífico.

- De vez em quando a gente escuta fogos e as manifestações, mas até agora não houve tumultos - conta o auditor.

Os poucos carros que passaram pela fronteira tinham placas da Bolívia, e entraram no Brasil vindos da estrada que dá acesso a um assentamento rural implantado pelo Incra. Mas ele disse desconhecer a existência de estradas alternativas na região. Segundo o auditor, as informações vindas do outro lado da fronteira são de que a maioria das lojas fechou as portas em adesão ao protesto. Apenas alguns turistas se arriscaram a tentar fazer compras.

A crise na Bolívia atingiu também os postos que vendem o Gás Natural Veicular. A empresa que distribui o gás em Mato Grosso do Sul, a MS Gás, vem suspendendo o fornecimento em certos horários. O governador, André Puccinelli, disse que se o abastecimento continuar comprometido em 10%, o estado deixará de arrecadar R$6 milhões por mês. O prejuízo chegaria a R$200 mil por dia. Mato Grosso do Sul, o primeiro estado a receber o gás, arrecada o ICMS por ser origem do produto destinado a outros estados.

Apesar da tensão na fronteira, não houve problemas no abastecimento às indústrias paulistas. Na quinta-feira, quando foi interrompido parcialmente o fornecimento ao Brasil, a Secretaria de Energia de São Paulo esteve perto de acionar um plano de contingência. Mas o plano foi arquivado.

A Bolívia restaurou quase por completo o fornecimento de gás natural ao Brasil, garantiu o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Segundo ele, ontem a Bolívia estava enviando ao Brasil cerca de 30 milhões de metros cúbicos diários de gás natural, 1 milhão a menos do que fornecia antes do conflito.

COLABOROU Ramona Ordoñez (de Angra dos Reis)