Título: Presidência aciona TRE para conter abusos
Autor: Tabak, Flávio; Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 14/09/2008, O País, p. 10

Disputa eleitoral pela presença de Lula gera tensão em Petrópolis.

A três semanas das eleições, a disputa política por prefeituras invadiu as cerimônias promovidas pela Presidência da República, que chegou a pedir o auxílio do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio de Janeiro para conter excessos. Em Duque de Caxias, durante inauguração do Hospital Municipal Moacyr Rodrigues do Carmo, a claque do candidato a prefeito do município Washington Reis (PMDB) ¿ descaracterizada para evitar a fiscalização ¿ lotou a cerimônia. Do lado de fora, um homem que chegou numa van com cerca de 15 pessoas dizia, ao tentar organizar a fila:

¿ Quem trabalha para o Washington fique aqui.

À tarde, em Petrópolis, o clima eleitoral tomou conta da cerimônia de inauguração do Cefet, no Centro do município. A tensão entre os dois principais candidatos à sucessão municipal levou ao local do evento militantes do PT, em prol da candidatura de Paulo Mustrangi; e do PMDB, defensores de Ronaldo Medeiros, candidato apoiado pelo prefeito Rubens Bomtempo (PSB). Eles foram separados apenas por grades de isolamento. Fiscais do TRE foram chamados pelo cerimonial da Presidência e impediram o uso de distintivos do candidato petista na área vip da cerimônia. Eles fotografaram faixas com os números dos candidatos. O material será enviado ao Ministério Público Eleitoral.

Lula: ¿Cabral pode passar para a História¿

Além do cunho eleitoral, a presença de Lula no estado está sendo marcada pela troca de afagos entre Lula e o governador Sérgio Cabral. Em Caxias, o presidente disse que o novo parceiro pode entrar para a História do Rio.

¿ Não tenho medo de dizer, e ele não tem nem dois anos de mandato ainda, que o Sérgio pode passar para a História como o melhor governador que este estado já teve ¿ afirmou Lula, que pretende copiar o modelo das Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) no governo federal: ¿ Estamos levando daqui, do Rio, uma coisa importante: a famosa UPA, que nós vamos, no governo federal, construir 500 no Brasil até 2010.

Em Petrópolis, incensado em discurso por Cabral, que lembrou os dados da aprovação do presidente divulgados na última pesquisa Datafolha, devolveu o gracejo:

¿ Nestes dois anos de mandato, em parceria com o companheiro Sérgio Cabral, estamos fazendo mais pelo Rio do que foi feito nos últimos 30 anos. É como passar pão na manteiga. Digo, a manteiga no pão, quando ela está mole. Eu não recebo um tratamento desse todo dia na minha casa, porque de vez em quando a Dona Marisa engrossa comigo. E eles nunca engrossam, vai ver que é porque eu sou presidente e ele governador ¿ brincou Lula, sob protestos da primeira-dama. (Flávio Tabak e Maiá Menezes)