Título: MP denuncia Jefferson e ex-diretor dos Correios
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 12/09/2008, O País, p. 11

BRASÍLIA. O Ministério Público Federal denunciou o presidente do PTB, o deputado cassado Roberto Jefferson, e o ex-diretor dos Correios Maurício Marinho por suposto envolvimento num esquema de desvio de recursos da estatal para financiamentos de campanhas políticas e enriquecimento pessoal. Entre os nove acusados estão ainda o ex-presidente dos Correios João Henrique de Almeida Souza e o ex-presidente da Eletronorte Roberto Garcia Salmeron, aliados políticos de Jefferson. A organização, supostamente chefiada pelo presidente do PTB, é acusada de receber, entre 2003 e 2005, propina de R$5 milhões.

A denúncia, apresentada à Justiça Federal na segunda-feira, é resultado do principal inquérito sobre fraudes descobertas nos Correios em 2005, o caso que deu origem ao escândalo do mensalão. Os procuradores José Alfredo de Paulo, Raquel Branquinho e Bruno Acioli acusam Jefferson, Marinho e mais sete denunciados de formação de quadrilha e corrupção passiva. Segundo os procuradores, Jefferson indicou o amigo Antônio Osório para a poderosa Diretoria de Administração dos Correios para, a partir daí, montar um esquema de arrecadação de recursos para o PTB. Parte do dinheiro seria embolsada pelos cúmplices no esquema.

"A nomeação do denunciado Antônio Osório para o mencionado cargo de direção não almejava atender qualquer finalidade pública. Pelo contrário, o objetivo traçado pelo denunciado Roberto Jefferson, chefe da estrutura criminosa, era o delituoso levantamento de valores para o PTB. A ocupação do cargo, portanto, inseriu-se em um projeto de poder (manutenção e ampliação do PTB no cenário político) a ser financiado pela prática de crimes", acusam os procuradores na denúncia.

No site do PTB, Jefferson negou as acusações: "A denúncia apresentada contra mim (...) é uma peça política e, como tal, alardeada em época eleitoral. A própria denúncia cita uma quadrilha que age nos Correios desde o ano de 1994, no governo do ex-presidente Itamar Franco, do qual, eu, Roberto Jefferson ("general da tropa de choque do Collor", como fui alcunhado), não passava nem na porta".