Título: Hélio Costa, outro vice de Dilma
Autor: Torres, Izabelle; Pereira, Daniel
Fonte: Correio Braziliense, 27/05/2009, Política, p. 06

Ministro das Comunicações é mais um na bolsa de apostas para participar da chapa da chefe da Casa Civil. Peemedebistas do Senado defendem a ideia, que é combatida na Câmara

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou mais um nome na lista de possíveis vices na chapa da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na disputa pela Presidência da República. Tem dito a peemedebistas que lhe agrada a possibilidade de o ministro das Comunicações, Hélio Costa, ser o representante do PMDB em uma possível aliança com o PT em 2010. Na última segunda-feira, voltou a falar no assunto com o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), que relatou a conversa ontem ao líder do governo, Romero Jucá (RR); ao presidente do Senado, José Sarney (AP) e ao senador Wellington Salgado (MG), que é suplente de Costa.

A simpatia de Lula pelo nome do ministro faz sentido. Costa lidera a disputa pelo governo de Minas Gerais, um dos maiores colégios eleitorais do país. Também poderia colocar a chapa em igualdade de condições com os tucanos, caso o PSDB tivesse o governador mineiro, Aécio Neves, na composição. Além disso, a saída do ministro da disputa em Minas abriria espaço para a candidatura do petista Patrus Ananias ao governo, que hoje aparece nas pesquisas muito abaixo do colega do PMDB.

O problema é que apesar de animado com a sugestão do presidente Lula, Costa não tem se mostrado muito disposto a abandonar a disputa pelo governo mineiro. Ao Correio, disse que ficava honrado em ser lembrado, mas que, por enquanto, não tinha opinião sobre o assunto, porque ainda não fora consultado pelo Palácio do Planalto nem pelos colegas de legenda. A ideia de lançar Costa agrada ao grupo peemedebista no Senado. Em conversas reservadas, senadores que integram a legenda afirmam que se sentiriam bem representados pelo ministro, que é senador. O problema está no grupo da Câmara. O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), já declarou que defende o nome de Michel Temer (SP) para a vaga. Segundo ele, o presidente da Câmara seria a representação institucional do PMDB na chapa governista, visto que preside há anos a legenda. Além disso, os que apoiam o nome do paulista dizem que indicá-lo seria a melhor resposta ao grupo de peemedebistas de São Paulo ¿ encabeçado pelo presidente estadual da legenda, Orestes Quércia ¿ que articula uma aproximação do partido com a candidatura tucana.

Simpatia A tese de Alves é endossada pelo líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), que há meses vem declarando apoio ao nome de Temer em uma possível chapa encabeçada pela ministra Dilma. Apesar da resistência dos deputados, senadores afirmam que vão discutir todas as possibilidades até encontrar um consenso que agrade à maioria dos integrante da legenda e, principalmente, que tenha a simpatia do presidente Lula.

A sugestão do nome de Hélio Costa começou a ser estudada há semanas pelo presidente. Inicialmente, Lula disse a lideranças do Congresso que tinha simpatia pelo nome do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), que é um aliado próximo ao Planalto. Cabral, no entanto, já declarou que não pretende disputar a vaga de vice e abrir mão de uma reeleição praticamente certa ao governo. Na lista de apostas e especulações, também circulam os nomes do ministro da Integração, Geddel Vieira Lima, e do deputado pelo PSB do Ceará, Ciro Gomes.