Título: Outras instituições vão desaparecer
Autor:
Fonte: O Globo, 16/09/2008, Economia, p. 21

De Nova York, o executivo-sênior de crédito para América Latina da Moody"s, Mauro Leos, compara o dia de ontem a um 11 de Setembro do mercado financeiro, tamanho o desespero das manchetes dos jornais americanos sobre a quebradeira de grandes instituições financeiras, evento que "essa geração" nunca viu e que deve chegar à economia em 2009.

Felipe Frisch

Qual o impacto da situação dos bancos americanos na economia real e no Brasil?

MAURO LEOS: O maior impacto é a incerteza gerada, que vemos por meio dos fluxos de saída de capitais. Aumenta a percepção de risco. Mas, no ano que vem, vamos ter que lidar com o impacto na economia real, em termos de consumo e de crescimento. Por enquanto, só estamos tendo dificuldades nas instituições financeiras. A América Latina deve crescer um ou dois pontos percentuais a menos por ano.

Mas o mercado não sabia desses problemas?

LEOS: Sabíamos que havia problemas, mas não tão grandes. Ninguém esperava o Merrill Lynch fosse ser vendido, ou que o Bear Sterns fosse desaparecer. Se você olhar as manchetes dos jornais de hoje (ontem) nos EUA, parece que foi o 11 de Setembro financeiramente. É algo que nunca foi sentido por essa geração, as pessoas estão chocadas.

Qual o futuro?

LEOS: Outras instituições vão desaparecer. Isso tem impacto de médio prazo, pois menos bancos irão emprestar. As únicas economias em crescimento são as emergentes. Isso é diferente do que conhecemos, a economia mundial vai depender desses países.