Título: Defesa de Apac, Cidade Limpa e repressão a camelôs e vans
Autor:
Fonte: O Globo, 17/09/2008, O País, p. 11
Candidato afirma que fará choque de ordem, conterá a expansão de favelas e acabará com a `era do ilegal, e daí?¿
Qual a solução para desatar o nó do trânsito do Rio?
PAES: Quando eu era secretário, tinha de ir todo dia da Barra para o Centro. Se saísse um pouco mais tarde, demorava duas horas para chegar. Garanto que a gente conseguiria matar meia hora se botasse um operador de trânsito num sinal da Avenida Niemeyer em frente ao Vidigal. Fazendo o feijão com arroz. A operação de trânsito já resolveria uma parte significativa dos problemas. Os sistemas são antiquados. Na Zona Norte, é uma tragédia. Os sinais são do século passado, não há sincronia, não há onda verde.
O senhor, se eleito, vai manter a Guarda fiscalizando o trânsito?
PAES: Sim, só que saindo mais tarde, permanecendo o tempo todo.
Caso eleito, o senhor pretende manter as Apacs?
PAES: Sou totalmente favorável às Apacs. Elas são um ganho para a cidade. A gente tem que tratar de desenvolver projetos imobiliários em outras áreas da cidade. A Zona Sul já tem um adensamento muito grande. Vou manter as Apacs da maneira que elas estão.
Em relação às favelas, qual é a política do senhor?
PAES: Política contra qualquer tipo de ilegalidade é fazer valer a lei. Vamos voltar com o Favela-Bairro em sua concepção original, que é levando equipamentos sociais. Quando o eco-limite não é respeitado, não serve para nada. Portanto, fazer o limite das comunidades existentes é estabelecer parâmetros urbanísticos e fazer valer a lei. Acabou a era do ¿ilegal, e daí?¿ no Rio. Vou ser o prefeito da legalidade, sim. Para aqueles que no asfalto cometem ilegalidades, que não são poucos; e para aqueles também que nas favelas façam isso.
O senhor removeria uma ocupação ilegal numa área de proteção ambiental, por exemplo?
PAES: Não vou permitir novas ocupações. Se houver ocupação numa área de risco, certamente não teria dificuldade de realocar essas pessoas e dar casa com dignidade.
Como o senhor pretende conter a expansão dentro das favelas?
PAES: Com definição de parâmetro urbanísticos e fiscalização. A prefeitura precisa se estabelecer nessas favelas. Se o gabarito é de dois andares, que se respeite.
Todos os candidatos dizem isso... O que fazer efetivamente?
PAES: Eu fui subprefeito e não permiti novas ocupações. Não dá mais, o Rio não suporta mais isso. Vamos ser rigorosos contra a ilegalidade.
Que instrumentos a prefeitura tem para combater todo o tipo de irregularidade na cidade?
PAES: Vou criar a secretaria da Ordem Pública.
Com que estrutura?
PAES: Com a estrutura que já existe, mas que está toda dispersa.
Sem novas contratações?
PAES: Sim, a prefeitura tem todas as condições. É claro, no caso específico da Guarda Municipal, quero ampliá-la. Entendo que ela deve ter um papel mais firme no combate ao pequeno delito. Nós vamos transformá-la em estatutária. Não é para agradar aos guardas, mas para que eles possam aplicar a lei com mais tranqüilidade sendo servidor público, tendo poder de polícia...
O senhor vai fiscalizar as vans, por exemplo?
PAES: Vamos deixar muito claro que van precisa ser transporte complementar, não alternativo. Temos que mapear as áreas onde pode van, e onde não puder é o rigor da lei. A não existência de regras hoje tem feito com que tenha essa bagunça de tantas vans circulando e transformando o trânsito no Rio numa coisa caótica. Temos que fazer a licitação, como o estado está fazendo agora. Concede a linha, legaliza, e aquele que não estiver legal não vai funcionar.
O senhor é a favor do convênio para o Detro fiscalizar as vans?
PAES: O Detro está fiscalizando muito bem. O problema da prefeitura é que não tem regra.
Qual o critério para ter van num local e não ter no outro?
PAES: Isso depende de um estudo mais amplo. O sistema de transportes no Rio precisa ser reavaliado. A minha idéia é criar o bilhete-único e as vans têm de estar dentro disso. Aquelas que puderem ficar.
Com ou sem subsídio?
PAES: Espero que sem subsídio. É preciso analisar as planilhas para ver como são as tarifas.
O bilhete-único era uma promessa do governador Sérgio Cabral na campanha de 2006. Até hoje não entrou em funcionamento...
PAES: Além dele ter dois anos e meio de governo ainda, a grande questão para o bilhete-único é essa relação institucional. Você está falando de concessões municipais com concessões estaduais. É fundamental o diálogo, que infelizmente é meio difícil nos dias de hoje.
O senhor vai licitar as linhas de ônibus?
PAES: Sim, estamos falando em concessões do município. É o caso de vans e ônibus.
Qual é o principal problema na gestão atual?
PAES: A área de saúde é a grande tragédia que se abate sobre a cidade. Tem esse absurdo na educação que é a aprovação automática, que não tem a ver com o sistema de ciclos.
O senhor disse que não informaria os nomes dos seus doadores para não constrangê-los. Mas dois de seus adversários o fizeram.
PAES:O fato é que há uma legislação. E muitos doadores operam dentro dela.
O senhor, agora há pouco, se queixou da falta de transparência da prefeitura...
PAES:Ilegal é esconder dos vereadores a execução orçamentária. Não estou cometendo ilegalidade ou imoralidade. Se a gente quer tanto que seja assim, tem que propor mudanças na lei.
Qual o seu projeto para a área de Cultura?
PAES:Essa cidade tem vocação para ser um centro de decisões. Outro papel é o de atrair a atividade econômica ligada ao entretenimento.A Cidade da Música vai ter que servir para isso, com aquele custo enorme.
O senhor vai entregá-la para a iniciativa privada?
PAES: A minha idéia é fazer parceria. Está claro que não é viável do ponto de vista econômico. Portanto, a prefeitura vai ter que alocar recursos ali. O ideal seria a concessão.
O senhor adotaria aqui no Rio a Lei Cidade Limpa, de São Paulo?
PAES: Vamos fazer, porque a publicidade brigando com a paisagem fantástica é um atentado contra o Rio.
O senhor é favorável à restrição ao transporte de cargas?
PAES: Totalmente. O que for positivo, não tenho dificuldade em manter. Não mudo nem o nome do projeto.