Título: BC americano resgata AIG
Autor:
Fonte: O Globo, 17/09/2008, Economia, p. 25

Super-resgate para AIG

Fed vai injetar US$85 bi para evitar falência de seguradora e ficar com 80% de seu capital

Do New York Times*

OFederal Reserve (Fed, o banco central americano) foi ao socorro ontem de mais uma empresa: American International Group (AIG), a maior seguradora dos Estados Unidos. Ontem à noite, o Fed autorizou seu braço de Nova York a emprestar US$85 bilhões para a empresa, em troca de uma fatia de 80%. Em comunicado, o BC americano afirmou que ¿os interesses dos contribuintes estão protegidos¿ porque o empréstimo é garantido por todos os ativos da AIG e de suas subsidiárias diretas. O prazo do empréstimo é de 24 meses.

¿O propósito é ajudar a AIG a cumprir suas obrigações à medida que vencerem. Esse empréstimo vai facilitar um processo no qual a AIG venderá alguns de seus ativos de maneira organizada, com o menor prejuízo possível para a economia¿, afirmou o Fed em nota divulgada ontem à noite. O BC ressaltou que um colapso desordenado da seguradora poderia aumentar ainda mais a fragilidade do mercado financeiro e elevar os custos do crédito.

Os papéis em mãos dos acionistas seriam diluídos, mas não eliminados, como ocorreu na estatização das gigantes hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac, há dez dias. Quando surgiram os rumores de uma intervenção federal, as ações da AIG despencaram 48% no pregão eletrônico. No dia, fecharam em queda de 21%.

`WSJ¿: Barclays levará parte do Lehman

A empresa é hoje a terceira maior seguradora do mundo, atrás da holandesa ING e da alemã Allianz. Em 2007, seus ativos eram de US$1,06 trilhão. No primeiro semestre deste ano, ela acumulou perdas de US$13,16 bilhões. A AIG tem 74 milhões de clientes em 130 países. Analistas acreditam que o Fed vá substituir todo a diretoria da AIG.

O secretário do Tesouro, Henry Paulson e o presidente do Fed, Ben Bernanke, reuniram-se com líderes da Câmara e do Senado à tarde para discutir o plano. O Fed havia tentado alinhavar, com Goldman Sachs e JPMorgan Chase, um empréstimo de US$75 bilhões para a AIG, sem sucesso.

Sem o socorro, esperava-se que a AIG tivesse de pedir falência. As principais agências de classificação de risco rebaixaram a nota da AIG, o que forçaria a seguradora a apresentar garantias maiores para os operadores de derivativos, agravando sua situação financeira.

Até este momento, era impensável que o Fed socorresse uma seguradora ¿ semana passada, o pedido de ajuda da AIG ao Fed foi rejeitado. Mas, com a perspectiva de uma falência gigante ¿ com conseqüências imprevisíveis para o sistema financeiro ¿, o Fed acabou abrindo um precedente.

No fim de semana, o governo americano se recusou a entrar com recursos públicos para resgatar o banco de investimentos Lehman Brothers, que acabou pedindo falência. O site do ¿Wall Street Journal¿ afirmou ontem que o Barclays acertou a compra de algumas das principais operações do Lehman, em uma operação avaliada em US$2 bilhões. Segundo a Reuters, a compra inclui a área de ações, renda fixa, assessoria em fusões e aquisições e outros ativos. O anúncio oficial deve ser feito hoje de manhã.

Outros dois grandes de Wall Street anunciaram ontem queda nos lucros trimestrais. O resultado do Goldman Sachs caiu 70%, para US$845 milhões, e o do Morgan Stanley, 7%, para US$1,43 bilhão.

(*) Com agências internacionais