Título: Tarso sai em defesa de Romero e critica pedido de prisão
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 18/09/2008, O País, p. 3
Ministro da Justiça diz desejar "sinceramente" que delegado seja inocente
Evandro Éboli
BRASÍLIA. O ministro da Justiça, Tarso Genro, saiu em defesa do delegado Romero Menezes, diretor-executivo da PF. Tarso considerou a prisão desnecessária e disse estar perplexo com as acusações feitas pelo Ministério Público contra o número dois da PF. Ele criticou o comportamento do procurador da República Douglas Santos Araújo, do Amapá, que fez o pedido da prisão temporária à Justiça Federal. O ministro disse que "deseja sinceramente" que o delegado seja inocente.
- Não era necessária a prisão, bastaria o juiz pedir a retirada da função. Não precisava um constrangimento deste tipo. Mesmo absolvido, ele (Romero) já teve esse desgaste público - afirmou Tarso.
O ministro foi cauteloso nas críticas ao procurador e afirmou que, se houve pedido de prisão, e a Justiça aceitou, é porque deve ter alguma base. Tarso disse que achou estranho Araújo não ter acompanhado o depoimento de Romero à PF, anteontem.
- O procurador veio a Brasília e, estranhamente, não quis acompanhar o depoimento do doutor Romero. Foi chamado para acompanhar. Presumo que tenha alguma estratégia especial, alguma preocupação especial do MP. Presumo que será um inquérito demorado e garanto que será profundo.
Tarso conversou por telefone com Romero anteontem:
- Disse a ele que o inquérito seria exemplar e que seria punido como manda a lei, se houver comprovação. Ele me disse que poderia ficar tranqüilo porque tinha certeza de sua inocência.
Para o ministro, se ao final do inquérito ficar comprovada sua inocência, Romero será resgatado publicamente. Ele disse que a prisão do delegado significa que qualquer pessoa no Brasil pode ser investigada e condenada, independentemente da função, seja "número dois, três, quatro ou um". Falou que a PF, ao prender um diretor, teve de "cortar na própria carne".
- É a demonstração de que ninguém no Estado está impune e descartável de ser processado e condenado.
Douglas Araújo disse que não iria polemizar com Tarso e que não achou necessário acompanhar o depoimento, mas reafirmou haver motivos para a prisão de Romero.
- Havia elementos suficientes sim para que a prisão fosse solicitada ao juiz, que entendeu da mesma forma. Quero frisar que essas prisões foram decretadas com base no inquérito e para que as investigações transcorressem sem percalços. Não há nenhum juízo de valor definitivo - disse Araújo.