Título: SP: Alckmin e Kassab empatados
Autor: Lamego, Cláudia; Vasconcelos, Fábio
Fonte: O Globo, 19/09/2008, O País, p. 3

Marta lidera com folga, mas no 2º turno ela empataria com um ou outro

Adauri Antunes Barbosa

SÃO PAULO. Pesquisa Datafolha divulgada ontem mostra poucas alterações nas intenções de voto para a prefeitura de São Paulo. Marta Suplicy (PT) continua em primeiro, com os mesmos 37% das intenções de voto da última pesquisa, enquanto Gilberto Kassab (DEM) e Geraldo Alckmin (PSDB) estão empatados com 22% cada. O tucano oscilou de 20% para 22%, e o prefeito de 21% para 22%, dentro da margem de erro da pesquisa, de dois pontos percentuais para mais e para menos. Mas Alckmin, ao optar por bater em Kassab, mudou a tendência de queda.

Na simulação de segundo turno, Marta teria 46% contra 45% de Kassab. Já entre Marta e Alckmin, há um empate de 47% para cada um. Se a disputa fosse entre Alckmin e Kassab, o tucano teria 47% contra 40% do atual prefeito.

Dos demais candidatos, Paulo Maluf (PP) oscilou negativamente de 8% para 7%, enquanto Soninha (PPS) caiu de 4% para 3%. Ivan Valente (PSOL) permanece com o mesmo 1% da pesquisa anterior. Anaí Caproni (PCO), Ciro Moura (PTC), Edmilson Costa (PCB) e Renato Reichmann (PMN) foram citados, mas não atingiram 1%. O nome de Levy Fidelix (PRTB) constava do cartão apresentado aos entrevistados, mas não foi citado.

Votos em branco e nulos totalizam 4% e os que não sabem também são 4%. No levantamento realizado ontem e quarta-feira, o Datafolha entrevistou 1.666 eleitores. Contratada pela TV Globo e pela "Folha de S.Paulo", a pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) com o número 02800108-SPPE.

Para o vereador José Américo, presidente municipal do PT e um dos coordenadores da campanha de Marta, os ataques de Alckmin surtiram efeito contra Kassab.

- A última pesquisa Datafolha revela que a agonia entre Kassab e Alckmin perdurará até a reta final e ficará para as urnas. Para Marta não muda nada, mas ela pode ser favorecida pela disputa entre os dois, caso a relação deles saia muito esgarçada, pois dificultará o apoio do derrotado no segundo turno - disse José Américo.

- Como a gente já vinha afirmando, agora é que as pessoas começam a decidir o voto. A retomada começa no momento certo - avaliou o deputado Edson Aparecido (PSDB), coordenador da campanha de Alckmin.

Ele disse não acreditar que a pesquisa reflita a estratégia tucana de criticar a administração Kassab:

- Esse reflexo deve aparecer na próxima pesquisa.

Pitta agora é arma para ataques entre Alckmin e Kassab

O coordenador do programa de governo de Kassab, Guilherme Afif Domingos, disse que a pesquisa revela uma tendência de ascensão do prefeito, enquanto Alckmin oscilou dentro da margem de erro:

- Esse pequeno crescimento do Alckmin na verdade é uma oscilação que pode lhe dar a sensação de que sua estratégia de bater no prefeito está certa. Mas isso vai reverter contra ele porque quem bate cai. Essa pesquisa não muda em nada nossa estratégia, pois navegar é preciso. A nossa meta é converter em voto metade da avaliação positiva do prefeito, que é de 50% do eleitor aprovando sua administração. Se atingirmos 25%, Alckmin ficará com 19% e isso nos levará ao segundo turno contra Marta.

Envolvido em escândalos de corrupção, o ex-prefeito Celso Pitta (PTB), que administrou São Paulo de 1996 a 1999, se transformou ontem na arma de ataque entre Alckmin e Kassab. O ex-governador lembra a todo momento que Kassab foi secretário de Pitta, enquanto o prefeito responde lembrando que o PTB, partido do ex-prefeito, agora apóia Alckmin.

- Milhões de pessoas votaram nele (Pitta), tanto que ele foi eleito. (Mas) hoje ele é aliado do ex-governador Geraldo Alckmin e não meu - respondeu Kassab.

- O PTB é um bom partido. Aliás, em 1998 (foi) o único partido que apoiou Mario Covas. Não fui secretário do Pitta, não trabalhei para o Pitta, não trabalhei para o Maluf. Temos uma história diferente. É erro subestimar a inteligência das pessoas - treplicou Alckmin.

COLABOROU: Germano Oliveira