Título: Bolsa sobe 5,5% com expectativa de pacote
Autor: Rangel, Juliana; Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 19/09/2008, Economia, p. 25
Citi pede ajuda de Deus em relatório
Felipe Frisch e Patricia Duarte
RIO e BRASÍLIA. O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o Ibovespa, foi da depressão na quarta-feira à euforia ontem, com a alta de 5,48%, para 48.422 pontos. Puxou a recuperação a expectativa de anúncio de uma agência americana de socorro a instituições financeiras em dificuldades. Foi o maior ganho diário desde que o Brasil recebeu o primeiro grau de investimento, da agência de risco Standard & Poor"s (S&P), em 30 de abril (quando a Bolsa subiu 6,33%).
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, destacou também como fator positivo a proibição pelo Reino Unido da venda de ações a descoberto - quando o investidor vende papéis que não possui, acreditando na sua queda e estimulando-a. O estrategista da Pentágono Asset, Marcelo Ribeiro, destaca que o mercado ainda está longe de inverter a tendência negativa. As ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras subiram 7,38% e as da Vale, 7,45%.
Pela manhã, um relatório de câmbio do Citigroup alertou para o aumento do índice de volatilidade, e pediu que as autoridades americanas "acordem". E encerrava com: "Deus nos ajude...".
Divulgada ontem, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que elevou a taxa básica de juros (Selic) para 13,75% ao ano, afirma que a crise é "severa", de fim incerto, com reflexos negativos na atividade econômica do mundo. Pelo documento, segundo especialistas, a autoridade monetária também indica preocupação maior com o crescimento do país.
- O BC não quer desacelerar muito a economia e já começou a discutir isso - afirmou o economista-chefe do BNP Paribas, Alexandre Lintz.
Ele se refere ao fato de três, dos oito diretores do BC, terem votado por uma alta de 0,5 ponto, contra o 0,75 da maioria. Na ata, o grupo dissidente deixou claro que a crise internacional - ao provocar desaquecimento em países centrais, maior escassez de crédito e queda nos preços de matérias-primas - ajuda no combate à inflação.
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