Título: Na Rússia, Bolsa fecha pelo 2º dia seguido
Autor: News, Da Bloomberg
Fonte: O Globo, 19/09/2008, Economia, p. 27

Governo anuncia injeção de US$20 bi para tentar restaurar confiança no sistema financeiro

MOSCOU. A Rússia manteve fechada ontem sua principal Bolsa de Valores pelo segundo dia seguido, ao mesmo tempo em que o presidente Dmitry Medvedev determinou a injeção de US$20 bilhões nos mercados financeiros do país, para tentar estabilizá-los. O governo russo está lutando para restaurar a confiança na economia e conter uma estonteante queda no valor das ações - que evoca o colapso financeiro de 1998.

A autoridade reguladora do mercado financeiro russo primeiro suspendeu as operações na quarta-feira, depois que o índice RTS caiu 6,5% e a Bolsa Micex, a principal praça de negociação das ações russas, recuou 3%. Ontem, ela não voltou a operar.

- Temos reservas suficiente e uma forte economia. Isso nos protege de qualquer choque - disse Medvedev em pronunciamento na televisão. - Não há tarefa mais importante para as autoridades russas do que apoiar a estabilidade do nosso sistema financeiro diante das circunstâncias. É a nossa prioridade. O mercado deve dar todo o apoio necessário.

Queda de confiança afeta liquidez das instituições

Para essa finalidade, cerca de 500 bilhões de rublos (US$20 bilhões), do orçamento do governo e outros segmentos, serão injetados no setor financeiro, segundo o presidente russo. O Micex, por sua vez, está atualmente em seu pior nível em três anos, puxado pela queda dos preços do petróleo e a turbulência em Wall Street. Negociações através de instrumentos financeiros menos importantes, como contratos futuros e recompras de títulos, estavam sendo autorizadas na Micex e RTS.

Bancos russos estão enfrentando aperto de liquidez, acelerado pela quebra de confiança entre os agentes financiadores.

- Estão todos sentados em muito dinheiro, mas ninguém quer emprestar - disse Hawk Sunshine, chefe do setor de investimento do banco Metropol.

O Kremlin vem se esforçando para restaurar a confiança no sistema bancário através de uma onda de empréstimos emergenciais, temendo a repetição da crise econômica de 1998, que causou a desvalorização do rublo, o calote da dívida soberana do país e uma quebradeira geral de instituições financeiras. A situação hoje, porém, é diferente. O país tem reservas cambiais próximas a US$600 bilhões e virtualmente nenhuma dívida. Mas analistas não descartam um desastre se o governo não souber lidar com a situação.

LULA LAMENTA QUEBRA DE "PALPITEIROS" DOS EUA, na página 30