Título: Lula: crise não vai afetar Petrobras
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 19/09/2008, Economia, p. 31

Gabrielli afirma que a estatal conseguirá contornar as dificuldades

Maria Lima* e Ramona Ordoñez

RIO GRANDE (RS) e RIO. O presidente Lula prometeu ontem que a crise de crédito provocada pela bancarrota de instituições financeiras americanas não vai paralisar os projetos desenvolvidos pela Petrobras nas camadas do pré-sal. A garantia foi dada ao presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, durante solenidade de batismo da plataforma P-53, no Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

Lula garantiu que se engajará pessoalmente para captar recursos e buscar investidores, um dia depois de dirigentes da Petrobras admitirem que a obtenção de crédito para novos investimentos no pré-sal poderá ser dificultada devido à crise americana.

- Quero, José Sergio, dizer o seguinte: arrumar crédito para que continue fazendo os investimentos que está fazendo e para que a gente possa antecipar ao máximo a retirada de petróleo do pré-sal não é apenas responsabilidade da Petrobras. Podem ficar certos que o governo brasileiro, eu, pessoalmente, estarei engajado nessa luta de conversar com quem quer que seja, de viajar para onde for necessário, para que nenhum projeto da Petrobras seja paralisado por conta de crédito.

Lula quer que Marinha patrulhe pré-sal

Mais tarde, ao participar do encerramento da Rio Oil & Gas, no Rio, Gabrielli disse que a Petrobras conseguirá contornar eventuais dificuldades:

- Frente a essa situação poderemos enfrentar uma dificuldade. Porém, como nossos projetos são muito bons, poderemos conseguir os financiamentos - disse, acrescentando que os planos da empresa ainda não foram afetados. - Nossa visão é que (a crise) terá impacto de médio prazo.

Gabrielli admitiu que o preço mínimo do petróleo para que os projetos no pré-sal continuem viáveis é de US$70 por barril. No caso do projeto da fase-piloto de Tupi, a atividade será rentável mesmo que os preços caiam até um terço dos valores atuais, perto dos US$100 o barril.

Durante o evento em que Lula participou também foi anunciada a assinatura do contrato para a construção da plataforma P-55, avaliada em U$1,65 bilhão, cujo início das operações está previsto para 2011, no campo de Roncador.

Em seu discurso, Lula procurou fortalecer a Petrobras. A empresa viu suas ações despencarem nos últimos meses, com especulações sobre a criação de uma nova estatal para o pré-sal. O presidente admitiu, entretanto que as notícias sobre novas descobertas podem estar atraindo a atenção de potências mundiais, como os EUA. E disse estar preocupado com a reativação da Quarta Frota da Marinha americana, cuja área de patrulha engloba a América Latina e as águas do Caribe. Ele, que defendeu o reforço das Forças Armadas brasileiras, especialmente da Marinha, disse que já conversou sobre o assunto com o presidente dos EUA, George W. Bush.

- Os homens já estão aí com a 4ª frota quase em cima do pré-sal. Então, a nossa Marinha tem que ser a guardiã das nossas plataformas.

(*) Enviada especial