Título: Lula afirma que acabou dinastia economicista
Autor: Martin, Isabela; Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 20/09/2008, Economia, p. 35

ABALO GLOBAL: "Não quero deixar nada do que iniciamos em educação para 2011", quando novo governo assumirá

Presidente ressalta obras e afirma que o Brasil está entrando na era da "engenharia e do produtivismo"

Isabela Martin e Chico de Gois

MOSSORÓ e BRASÍLIA. Apesar da crise que abalou o mercado financeiro internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esbanjou ontem euforia com o ritmo previsto para inaugurações de obras até o fim de sua gestão. Ao participar da implantação de uma refinaria, da inauguração de uma termelétrica e das instalações de uma universidade federal no semi-árido, em Mossoró (RN), Lula disse que no lugar de uma "dinastia economicista" o Brasil estava entrando na era da "engenharia e do produtivismo".

O presidente afirmou que os adversários devem se preparar para o que vai acontecer até o fim do seu mandato, "depois do pré-sal, do trem bala e da conclusão das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)".

Mais adiante, ao falar que inaugurará cem escolas técnicas em 2009, chamou a atenção do ministro da Educação, Fernando Haddad:

- Não quero deixar nada do que iniciamos em educação para 2011 (quando toma posse o próximo presidente).

Lula disse que o Brasil está dando certo porque ele governa sem discriminação partidária. Numa referência implícita ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), afirmou que mesmo os governadores e prefeitos do PSDB receberam mais dinheiro no seu mandato do que na gestão do seu antecessor.

- O presidente da República tem que ser antes de tudo um republicano. Não tem que olhar a que partido pertence quem está governando - afirmou.

Crise será tema de discurso de Lula na ONU

A crise financeira americana, que afetou mercados do mundo inteiro, será um dos temas abordados por Lula em seu discurso na abertura da 63ª sessão da Assembléia-Geral das Nações Unidas (ONU), na terça-feira, em Nova York. Embora venha repetindo que cabe ao presidente dos EUA, George W. Bush, cuidar dos problemas, Lula será mais diplomático, mas irá dizer que é importante que os países ricos afetados tomem medidas para evitar que a crise se alastre e, sobretudo, atinja os mais pobres.

O presidente também abordará questões como biocombustíveis, energia e falta de alimentos. Ele defenderá, ainda, a reformulação da ONU, sobretudo do Conselho de Segurança, no qual o Brasil pretende ter um assento permanente. O presidente receberá o IPS International Achievement Award 2007, e será condecorado com a Insígnia de Ouro da Sociedade das Américas e do Conselho das Américas.