Título: Israel: Olmert renuncia e Livni tenta formar coalizão para assumir governo
Autor: Malkes, Renata
Fonte: O Globo, 22/09/2008, O Mundo, p. 25
Analistas prevêem dificuldades para chanceler obter apoio de trabalhistas
Renata Malkes
TEL AVIV. Sob fortes pressões políticas e uma série de escândalos de corrupção, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, renunciou ao cargo, cumprindo uma promessa feita há pouco mais de um mês. Depois de perder a liderança do partido Kadima para a ministra do Exterior, Tzipi Livni, ele entregou sua carta de demissão ao presidente Shimon Peres e deu o sinal verde para o início das negociações para um novo governo de coalizão nacional sob a tutela de Livni. Sem perder tempo, ontem à noite ela reuniu-se com o líder do Partido Trabalhista, Ehud Barak, tido como peça-chave para formar uma nova base governista e evitar a convocação de novas eleições gerais em Israel.
Fontes próximas a Livni garantem que o encontro com Barak foi ¿produtivo¿, mas analistas acreditam que a nova líder do Kadima tem poucas chances de recrutar o apoio necessário para montar um governo estável. No fim de semana, Barak, que detém 19 cadeiras do Parlamento, já teria se reunido com o líder do partido de direita Likud, Benjamin Netanyahu, e acertado um acordo para minar as manobras políticas de Livni e forçar a antecipação das eleições. Segundo o jornal ¿Yediot Ahronot¿, Barak teria aceitado receber o cargo de ministro da Defesa, caso o Likud vença o pleito e coloque Netanyahu na cadeira de premier.
Após a renúncia do premier, pela lei, o presidente tem 14 dias para reunir-se com as lideranças dos principais partidos do país e pedir oficialmente que Livni forme um novo governo. De saída para Nova York na madrugada desta terça-feira, onde participa de uma assembléia na ONU, Shimon Peres já deu início às discussões e deve formalizar ainda hoje o período de transição. Caso a nova líder do Kadima não consiga superar as divergências internas do partido e conquistar o apoio de legendas menores em 30 dias, novas eleições gerais serão convocadas, o que favoreceria, segundo as pesquisas de opinião, o direitista Likud.