Título: Mensalão: 40 políticos fogem de prestar depoimento como testemunha
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 26/09/2009, O País, p. 4

Somente 25 dos 65 listados responderam aos chamados do Judiciário

BRASÍLIA. Dos 65 políticos listados como testemunhas de defesa do processo do mensalão em Brasília, apenas 25 responderam aos apelos da Justiça. Seis prestaram depoimento, 19 estão com o interrogatório marcado, e 40 sequer responderam à pergunta sobre onde e quando gostariam de ser interrogadas, um benefício oferecido a quem tem prerrogativa de foro. Entre os que se esquivam estão 32 deputados, quatro senadores e quatro ministros de estado - como a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro das Relações Institucionais e futuro ministro do Tribunal de Contas da União, José Múcio.

Ontem, a juíza federal Pollyanna Alves, designada para tomar os depoimentos em Brasília, enviou ofício ao ministro Joaquim Barbosa, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), para informar a situação. Há suspeita de que alguns réus estejam manipulando atrasos para apostar na demora da investigação. Com isso, aumenta o risco de haver prescrição dos crimes antes mesmo do julgamento final. Preocupado com o atraso no cronograma das investigações, o ministro estuda que medida vai tomar.

Aberto em agosto de 2007, o processo investiga a denúncia de que o governo federal teria pago propina a parlamentares em troca de apoio em votações importantes no Congresso Nacional. Como foram designadas mais de 600 testemunhas no Brasil e no exterior, Barbosa delegou a juízes locais a tarefa de tomar os depoimentos. Segundo o cronograma do ministro, os interrogatórios devem terminar no início de 2010. Essa expectativa poderá ser frustrada.

Em Brasília, foram ouvidos os depoimentos de 40 testemunhas de defesa sem prerrogativa de foro. Outras 16 não foram sequer intimadas, porque o endereço fornecido à Justiça estava errado. Está nesse grupo Waldomiro Diniz, que foi subchefe para Assuntos Parlamentares da Casa Civil. Além disso, os réus comunicaram desistência de 19 testemunhas. E duas não compareceram aos interrogatórios por motivo de doença.

Entre as autoridades que já prestaram depoimento em Brasília estão o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Estão marcados para setembro e outubro os depoimentos de 19 autoridades. O ministro da Justiça, Tarso Genro, será interrogado no dia 7 de outubro. O deputado Antonio Palocci (PT-SP) tem depoimento marcado para o dia 21 de outubro.

O presidente Lula, indicado como testemunha pelo ex-deputado Roberto Jefferson, informou que vai prestar depoimento como testemunha de defesa por escrito. Além da juíza e do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, todos os 39 réus no processo poderão fazer perguntas a ele.