Título: Cúpula do G-20 acaba sem prazo para fim de subsídio a combustível fóssil
Autor: Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 26/09/2009, Economia, p. 28

JÁ SÃO 20 GRITANDO: Países pobres terão fundo para mitigar mudança climática

China e Rússia se recusaram a cumprir metas. Nações ricas, a definir valores

PITTSBURGH. Apesar da urgência das questões financeiras, o problema do aquecimento global não ficou de fora da declaração final do encontro do G-20 em Pittsburgh. Mas devido à resistência de vários países em se comprometer com metas e números, o texto final acabou se tornando uma vaga carta de intenções.

Os países do G-20 concordaram com a proposta dos Estados Unidos de reduzir os subsídios dados a empresas consumidoras de combustíveis fósseis e com a reivindicação dos países pobres de que seja criado um fundo para financiar investimentos em mitigação, ou seja, obras que ajudem os países pobres a se defenderem das consequências do aquecimento global (como maior incidência de enchentes, secas ou furacões).

Decisão frustra ambientalistas

Mas, novamente, o imperativo do crescimento econômico e da crise acabaram falando mais alto. Alguns emergentes que mais subsidiam suas indústria de combustíveis fósseis, como Rússia e China, se recusaram a definir prazos para a extinção dos subsídios. E, diante de um cenário de recuperação econômica ainda lenta e incerta, muitas nações ricas não quiseram se comprometer com os valores que serão aportados no futuro fundo de combate à mitigação. No texto, caberá aos países estabelecerem isso de acordo com suas conveniências.

Os ambientalistas ficaram frustrados. Afinal, esperava-se que o G-20 definisse metas mínimas sobre os dois assuntos antes da cúpula do clima marcada para Copenhague em dezembro. Sem isso, o texto apenas apela aos ministros da Fazenda e de Energia do G-20 que compareçam à Cúpula do Clima com sugestões de prazos e números para serem discutidos.

"Nós encarregamos nossos ministros da Fazenda e de Energia que nos informem (até novembro) sobre o desenvolvimento e a implementação de estratégias e calendários para atingirmos este compromisso crítico (o fim dos subsídios) no nosso próximo encontro", diz o texto, que também promete maior regulação futura sobre o mercado de petróleo para evitar especulações e alta nos preços.

Bem Wilker, diretor de campanhas da ONG AVAAZ.org, uma das mais ativas defensoras do corte de emissões, criticou a declaração:

- Esta é uma crise de liderança - disse ele.