Título: Lula defende partilha de cargos
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 29/09/2009, O País, p. 4

Para presidente, divisão de postos entre a base aliada compensa apoio

BRASÍLIA. Durante discurso na posse do novo ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a partilha de cargos entre os partidos da base aliada como forma de compensação pelo apoio que o governo recebe para aprovar projetos no Congresso. Lula afirmou que não se pode ter vergonha das indicações e que os críticos dessa política só a atacam porque gostariam de manter seus apadrinhados.

Lula disse que os parlamentares precisam do governo, assim como o governo necessita dos deputados e senadores. Para tanto, é preciso haver base aliada e compromisso partidário.

¿ De vez em quando, vejo as pessoas com vergonha: ¿Ah, mas não pode ter relação assim, porque é muito partido, estão dizendo que está dando emprego para um partido, para outro partido¿, como se já teve (sic) na História do Brasil algum partido que ganhou as eleições e empregasse todos os inimigos e deixasse os amigos de fora, deixasse os partidos aliados de fora ¿ afirmou: ¿ Muitas vezes a sabedoria das bobagens que falam: ¿Tem muito petista, tem muito peemedebista, tem muito PSB¿. Sabe por quê? É para a gente não mexer nos deles que estavam lá. É uma garantia. E muitas vezes a gente fica inibido e deixa de fazer a política com a grandeza que ela tem de ser feita.

E acho que vocês fizeram o que tinham de fazer.

Lula defendeu o Congresso e disse que o Palácio do Planalto precisa dos votos dos parlamentares, sempre tachados de ¿chatos¿ por pedirem coisas.

¿ A gente precisa aprender a respeitar o Congresso porque, com todos os defeitos que ele tenha, é a cara da sociedade brasileira no dia das eleições.

Aproveitando a aprovação de Múcio para o Tribunal de Contas da União (TCU), Lula voltou a criticar a Corte e anunciou, sem detalhes, que reunirá ministros, líderes partidários e empresários para rediscutir o seu papel.

¿ É preciso tentar fazer alguns arremedos para as coisas serem melhor discutidas lá dentro ¿ criticou.

A posse de Padilha, ex-cara pintada, de 38 anos, foi das mais concorridas: atraiu 14 governadores, ministros, prefeitos e líderes políticos, sobretudo petistas, felizes com a volta de um partidário ao ministério. Padilha era subsecretário de Assuntos Federativos da pasta quando José Múcio era o ministro. Militante petista desde os 18 anos, foi da UNE durante o impeachment do ex-presidente Fernando Collor.

¿ Vou trabalhar para fazer com que essa base participe cada vez mais das decisões do governo, se sinta contemplada e receba os créditos ¿ disse.

Muitas vezes falam: `Tem muito petista, peemedebista¿. Sabe por quê? É para a gente não mexer nos deles que estavam lá

Presidente Lula