Título: PMDB: Indignação com as ofensas de Roriz
Autor: Tahan, Lilian
Fonte: Correio Braziliense, 26/05/2009, Política, p. 09

Peemedebistas estão perplexos com os ataques do ex-governador e de sua claque a Filippelli

Um dia depois do destempero do ex-governador Joaquim Roriz (PMDB) ¿ que atacou o presidente da legenda no DF, Tadeu Filippelli, e insuflou a claque a disparar impropérios contra o deputado federal ¿, partidários condenaram a atitude de Roriz. Antigos correligionários avaliaram que o peemedebista estava ¿envenenado¿ de raiva, cometeu ¿excessos¿ e protagonizou ¿um momento infeliz¿. No último domingo, durante seminário do PMDB, Roriz perdeu a calma durante discurso de Filippelli e o chamou de mentiroso, provocando uma reação inflamada dos cabos eleitorais que assistiam ao debate da plateia.

A reação de Roriz surpreendeu e provocou críticas de antigos aliados do ex-governador, que hoje estão acomodados na administração de José Roberto Arruda (DEM). A deputada distrital Eurides Brito (PMDB) diz que chegou a ficar com medo da confusão. ¿Envenenaram Roriz e não explicaram a ele que aquilo ali era um seminário e não uma convenção. Eu fiquei com medo e indignada com os palavrões e a baixaria toda. Em um momento, pensei que fosse ser amassada pelas cadeiras, não respeitaram nem as senhoras do recinto.¿ Segundo a distrital, Roriz foi disposto a discutir candidaturas, mas a proposta da direção da legenda era debater um ¿programa de partido¿.

Presidente do Instituto de Previdência do DF e vice-presidente do PMDB local, Odilon Aires também lamentou a reação de Roriz no último domingo. ¿Foi um momento infeliz em que só o partido perde¿, considerou o político. Odilon, no entanto, acredita numa saída harmoniosa sobre a briga. Em 2006, ele estava à frente da sigla quando os peemedebistas racharam entre os que queriam aderir ao governo Arruda e aqueles que eram contra. ¿Chegamos a ter 11 correntes e mesmo assim achamos um ponto de equilíbrio para unir a legenda. Agora, não será diferente, vamos tentar reconstruir um entendimento¿, acredita.

Depois de testemunhar a confusão de domingo, o deputado distrital Rôney Nemer se disse espantado e sugeriu que as lideranças do PMDB reflitam sobre os ¿exageros¿ cometidos. ¿O que ocorreu não foi normal. Fiquei assustado com tudo o que vi e acho que está na hora de as pessoas colocarem a cabeça no travesseiro para avaliar as próprias posturas¿, sugeriu Nemer.

Apesar de ter sido alvo dos ataques de Roriz, o presidente do partido preferiu não aprofundar o fosso que se abriu entre ele e o ex-governador após a briga no seminário. ¿Entendo que temos uma história muito maior do que o ocorrido ontem. Mas também não posso aceitar o excesso cometido, porque o partido não aceita esse tipo de intolerância. Espero que o ex-governador compreenda isso¿, diz Filippelli.

O presidente do PMDB foi atacado pela claque rorizista após lembrar que a filha de Roriz, a deputada distrital Jaqueline Roriz (PSDB), integra a base de apoio de Arruda e tem indicações no governo. Depois do comentário, Roriz saiu do sério, começou a distribuir socos pelo ar e a chamar Filippelli de mentiroso. Incentivada pela reação do ex-governador, a claque xingou o deputado, além de dar socos e pontapés no carro do político.

Pessoas próximas a Roriz avaliam que, apesar da atitude de domingo, nada mudará em relação à disposição do peemedebista em conseguir legenda para se lançar candidato ao governo em 2010. Segundo aliados do ex-governador, a última opção dele será a de mudança de legenda, antes disso ele vai tentar se viabilizar com a cúpula nacional do partido.