Título: Petrobras começa a reinjetar CO2 em poços
Autor: Batista, Henrique Gomes; Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 30/09/2009, Econoimia, p. 25

Objetivo é reduzir emissão de gases causadores do efeito estufa e elevar produção no pré-sal

RIO e BRASÍLIA. A Petrobras anunciou ontem que vai começar a reinjetar CO2 nos poços de petróleo em larga escala a partir da primeira quinzena de outubro.

A medida, que começa no campo de Miranga, na Bahia, servirá de laboratório para exploração do óleo da camada do pré-sal. A estatal informou que pretende que todos os novos poços tenham esta tecnologia.

A gerente-executiva de Engenharia de Produção da área de E&P (Exploração e Produção) da Petrobras, Solange Guedes, explicou que, além de reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa na exploração do petróleo, essa reinjeção aumenta a produtividade dos poços. Isso porque o gás aumenta a pressão no poço, facilitando a retirada do óleo.

¿ Essa reinjeção de CO2 não é mais experimental, é de forma definitiva. Será em grande volume, em larga escala ¿ disse, sem fornecer os números.

A estatal também não passou detalhes da operação.

Ela acredita que esta experiência será uma espécie de laboratório para a exploração do petróleo do pré-sal. Solange indicou que a tecnologia estará presente nos novos poços, que devem conter grande quantidade de CO2 junto do petróleo e do gás natural dos novos poços.

¿ A plataforma piloto de Tupi, que começa a operar em dezembro de 2010 com meta de extrair 100 mil barris/dia, já terá a tecnologia de reinjeção de CO2. E para nós, agora, se houver uma grande quantidade de CO2, isso tem que ser visto como uma oportunidade, não como problema ¿ disse.

Roberto Schaeffer, professor da Coppe/UFRJ, lembra que a medida gera muitas dúvidas sobre sua eficácia: ¿ Do ponto de vista ambiental é como colocar a sujeira embaixo do tapete e economicamente é pouco viável.

Indústria vai ditar ritmo de exploração do pré-sal O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse ontem que o ritmo de produção do pré-sal dependerá da capacidade de fornecimento de máquinas e equipamentos.

Por isso, ele está preocupado com a capacidade da indústria nacional e com os investimentos que precisarão ser feitos em toda a cadeia produtiva para atender a exploração e produção de petróleo.

¿ O limite é a capacidade, a velocidade de produção de sondas, é a produção de navios, de válvulas, de metalurgia.

É isto que vai determinar a velocidade, não o dinheiro ¿ disse Gabrielli