Título: Prazo exíguo preocupou reitores
Autor: Vieira, Amélia; Rebouças, Danile
Fonte: O Globo, 02/10/2009, O País, p. 8

BRASÍLIA . Desde que foi anunciada, em 6 de abril, a intenção do MEC de implantar o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ainda este ano e sem processo de transição, o cronograma da prova se tornou motivo de preocupação para reitores das universidades federais que pretendiam usar a prova como critério seletivo.

A data escolhida pelo ministro Fernando Haddad ¿ este próximo fim de semana ¿ levaria à divulgação das notas em janeiro. Com o atraso devido à prorrogação, não está claro se as notas sairão a tempo.

O MEC recebe as notas da parte objetiva da prova em 30 dias e as notas da redação em 57 dias após a aplicação do exame. A partir daí, é preciso processar os dados para a emissão dos resultados. É nessa etapa de correção e análise que o MEC pretende acelerar o ritmo e recuperar parte do tempo perdido.

Até 2008, o Enem era aplicado em agosto. Com a mudança, o MEC anunciou a nova data das provas para o início de outubro, o que causou tensão entre reitores. Alguns preferiam ver o sistema implantado gradualmente, em até três anos. O Enem já era considerado um dos critérios de seleção universitária no Brasil, mas passaria a ser o substituto do vestibular.

Especialistas também apontaram que a mudança poderia causar estresse entre os alunos, que teriam pouco tempo para se adaptar às novas exigências.

Devido ao formato mais longo, a realização da prova seria em dois dias, e não mais num único dia. O novo modelo é inspirado no SAT (Scholastic Achievement Test), teste de inglês e matemática realizado nos Estados Unidos e cuja pontuação é um dos critérios no processo de seleção. O novo Enem será critério de seleção em 45 universidades federais. A prova também é usada para a seleção de 150 mil bolsas do ProUni.

Dois dias após o anúncio feito pelo ministro em abril, os reitores tentaram negociar a antecipação da data da prova, sem sucesso. Em 10 de abril, já estavam definidas as datas de 3 e 4 de outubro, com liberação das notas finais em 8 de janeiro de 2010. Não está claro como as universidades serão afetadas com o atraso previsto de 45 dias