Título: Defesa de gasto público pela Fazenda faz parte da estratégia do governo
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 03/10/2009, Economia, p. 30

Mantega autorizou secretário a atacar críticos, incluindo o próprio BC

BRASÍLIA. O esforço do Ministério da Fazenda para defender a política de gastos públicos com unhas e dentes faz parte da preocupação do governo em passar uma imagem de austeridade às vésperas do ano eleitoral. Para conter os efeitos da crise mundial, o governo fez uma série de desonerações e aumentou despesas num momento de queda nas receitas. Isso resultou numa redução das metas fiscais que, mesmo assim, estão sendo cumpridas com dificuldade.

Os técnicos da Fazenda defendem a linha anticíclica adotada, pois alegam que ela ajudou a recuperar a atividade.

No entanto, há quem diga que as despesas correm o risco de sair do controle, especialmente por causa dos gastos com pessoal. Entre janeiro e agosto deste ano, essas despesas subiram nada menos que R$ 16 bilhões, ou 15,1% em termos reais em relação a 2008.

Além dos parlamentares da oposição e de analistas do mercado, o coro de críticos ao comportamento fiscal acabou reforçado até pelo último relatório de inflação do Banco Central (BC), que afirmava que os gastos públicos poderiam pressionar a inflação e obrigar a autoridade monetária a elevar juros em 2010. Por isso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu autorização ao secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa, para falar mais enfaticamente em favor da estratégia fiscal. O secretário chamou a oposição e os analistas de ¿terroristas fiscais¿.

¿ Precisamos falar para marcar posição. Foi a política fiscal que permitiu a recuperação da economia num período de crise. Por isso, surpreendenos a crítica de que a política fiscal que estamos fazendo agora é errada ¿ explica um técnico da Fazenda.

Para economista, decisões no campo fiscal são políticas Além disso, o fato de Barbosa ter concedido esta semana uma entrevista para defender a política fiscal faz parte de uma avaliação interna de que o secretário do Tesouro, Arno Augustin, não está fazendo esse papel de maneira enfática durante as divulgações mensais do resultado das contas públicas.

¿ O governo precisa vir a público defender a ação fiscal porque as decisões tomadas nesse campo têm caráter político.

No caso da política moBRASÍLIA. O esforço do Ministério da Fazenda para defender a política de gastos públicos com unhas e dentes faz parte da preocupação do governo em passar uma imagem de austeridade às vésperas do ano eleitoral. Para conter os efeitos da crise mundial, o governo fez uma série de desonerações e aumentou despesas num momento de queda nas receitas. Isso resultou numa redução das metas fiscais que, mesmo assim, estão sendo cumpridas com dificuldade.

Os técnicos da Fazenda defendem a linha anticíclica adotada, pois alegam que ela ajudou a recuperar a atividade.

No entanto, há quem diga que as despesas correm o risco de sair do controle, especialmente por causa dos gastos com pessoal. Entre janeiro e agosto deste ano, essas despesas subiram nada menos que R$ 16 bilhões, ou 15,1% em termos reais em relação a 2008.

Além dos parlamentares da oposição e de analistas do mercado, o coro de críticos ao comportamento fiscal acabou reforçado até pelo último relatório de inflação do Banco Central (BC), que afirmava que os gastos públicos poderiam pressionar a inflação e obrigar a autoridade monetária a elevar juros em 2010. Por isso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu autorização ao secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa, para falar mais enfaticamente em favor da estratégia fiscal. O secretário chamou a oposição e os analistas de ¿terroristas fiscais¿.

¿ Precisamos falar para marcar posição. Foi a política fiscal que permitiu a recuperação da economia num período de crise. Por isso, surpreendenos a crítica de que a política fiscal que estamos fazendo agora é errada ¿ explica um técnico da Fazenda.

Para economista, decisões no campo fiscal são políticas Além disso, o fato de Barbosa ter concedido esta semana uma entrevista para defender a política fiscal faz parte de uma avaliação interna de que o secretário do Tesouro, Arno Augustin, não está fazendo esse papel de maneira enfática durante as divulgações mensais do resultado das contas públicas.

¿ O governo precisa vir a público defender a ação fiscal porque as decisões tomadas nesse campo têm caráter político.

No caso da política monetária, por exemplo, se os juros sobem, o governo sempre pode jogar a culpa no Banco Central.

Mas se as despesas aumentam, a culpa é do governo como um todo ¿ afirma o economista da Austin Rating, Alex Agostini.

Este ano, o governo retirou a Petrobras da meta de superávit primário. A ideia foi dar à estatal mais liberdade para fazer investimentos.

Sem ter de economizar cerca de R$ 15 bilhões para o pagamento de juros da dívida pública, a Petrobras poderá usar esse dinheiro em obras de infraestrutura. Com isso, a meta de 2009 caiu de 3,8% do PIB para 2,5%. Já a de 2010 baixou de 3,8% para 3,3%.

Até agora, a meta acumulada em 12 meses está em 1,59% PIB.

Mesmo assim, o governo garante que ela será cumprida sem recorrer a qualquer mecanismo de abatimento de gastos com investimentos da meta