Título: Ministros-candidatos adiam saída do governo
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 03/10/2009, O País, p. 10

Maioria deve ficar até março de 2010, com exceção de Tarso Genro, que pretende deixar Justiça em dezembro

BRASÍLIA. Alguns ministros do governo Lula que vão ser candidatos nas eleições do ano adiam o quanto podem sua saída do governo. Até ensaiaram deixar o cargo antes de abril do ano que vem, prazo oficial de desincompatibilização.

Mas essa atitude deverá ficar restrita ao ministro da Justiça, Tarso Genro, que pretende sair em dezembro.

Tarso tem uma combinação de motivos para tomar essa decisão: sua campanha para o governo do Rio Grande do Sul não será fácil, depois de duas derrotas do PT no estado; e o seu cargo na Esplanada não é dos que oferecem mais bônus do que ônus. Esse, porém, não é o caso de outros candidatos a governador e até mesmo a um mandato no Congresso. Eles pretendem ficar à frente dos ministérios até o último momento, usufruindo a fama de de um governo com popularidade alta e os efeitos eleitorais gerados por programas e obras de suas pastas.

Entre eles está o petista Patrus Ananias e seu poderoso Bolsa Família, no Ministério do Desenvolvimento Social. Outro é o seu provável concorrente na disputa pelo governo de Minas, o peemedebista Hélio Costa (Comunicações), que vem percorrendo o interior do estado inaugurando agências dos Correios.

Costa ainda tem o poder das concessões de rádios dadas por sua pasta.

Alfredo Nascimento, ministro dos Transportes, é outro que só sairá do governo para sua campanha no Amazonas, onde disputará o governo, em março. Até lá, tem uma agenda cheia de visitas e inaugurações de obras em estradas e portos, inclusive em seu estado.

O presidente Lula tem dito que gostaria de contar com a sua equipe de ministros completa até o fim de março. No entanto, já tem que enfrentar mudanças no tabuleiro político. Depois da saída do ministro José Múcio Monteiro (Articulação Política) e José Antônio Dias Toffoli, da Advocacia Geral da União, que foram respectivamente para o Tribunal de Contas da União e o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente terá que pensar na substituição de Tarso.

O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, afirmou que pretende ficar no governo Lula até março do ano que vem. Geddel quer ser candidato ao governo da Bahia pelo PMDB, contra o atual governador Jaques Wagner, do PT.

¿ A princípio, fico até o prazo de desincompatibilização, ou quando o presidente mandar sair ¿ disse Geddel, afirmando que precisa cuidar de obras importantes de sua pasta, muitas delas parte do Programa de Aceleração do Crescimento.

Nas próximas semanas o peemedebista deve ainda aproveitar a imagem positiva de Lula e do governo, durante uma viagem que o presidente pretende fazer pelo Rio São Francisco, com o objetivo de ver de perto as obras de transposição, principal projeto do ministério comandado por Geddel.

O presidente Lula resistiu à saída antecipada do ministro Tarso Genro, mas depois aceitou.

Não gostou, porém, das especulações sobre substitutos, porque deseja evitar a briga aberta por cargos entre os partidos aliados, e, principalmente, entre os petistas. A informação de que o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) poderia assumir no lugar de Tarso deixou Lula mais inquieto com as pressões sobre as mudanças.

Em reunião ministerial, Lula avisou que queria retardar ao máximo uma reforma ministerial e que os substitutos em 2010 seriam, em sua maioria, os atuais secretários-executivos