Título: Músicos gospel ganham passagem
Autor: Foreque, Flavia
Fonte: Correio Braziliense, 16/05/2009, Política, p. 13

Deputado Robson Rodovalho, bispo da Sara Nossa Terra, usou cota da Câmara para trazer artistas a show evangélico no ginásio Nilson Nelson. Rodovalho devolveu R$ 41 mil por discordar de cota aérea para deputados de Brasília O deputado federal licenciado Robson Rodovalho (DEM ¿ DF) pagou com a cota a que tem direito passagens aéreas de artistas evangélicos para realizarem shows em Brasília. De acordo com o site Congresso em Foco, o parlamentar, fundador da igreja evangélica Sara Nossa Terra, bancou a viagem de oito integrantes da banda cristã Oficina G3 e do rapper DJ Alpiste para participarem do evento ¿Desperta, Brasília¿, realizado em agosto de 2007 no ginásio Nilson Nelson. Os artistas afirmaram ao site que não sabiam da origem do dinheiro desembolsado para pagar as passagens.

Secretário do Trabalho do Distrito Federal desde abril do ano passado, Rodovalho disse que a despesa faz parte do trabalho que realizava na Câmara. Bispo da Igreja Sara Nossa Terra, o democrata faz parte da Frente Parlamentar da Família e da Frente Parlamentar Evangélica. As frentes reúnem parlamentares para debater tema de interesse comum entre seus membros e defender no Congresso questões como a não legalização do aborto.

Na última quinta-feira, Rodovalho devolveu à Câmara R$ 41.196,40, valor que teria gasto com passagens aéreas durante os meses em que atuou na casa. O montante foi calculado pela assessoria do político. ¿Pedi (o valor total das despesas) à casa há três semanas e eles não me deram o valor. Entendi que as passagens aéreas não deveriam ter sido pagas. O critério que a Câmara usava era legal, mas não foi aceito em consenso¿, justificou. Em nota, o secretário do Trabalho informou que ¿tão logo receba a informação dos referidos valores, caso exista alguma diferença, ela será devolvida à Casa imediatamente¿.

Rodovalho afirma ser contra a reserva de uma cota para deputados do Distrito Federal, mas entende que o parlamentar do DF tem direito a um reembolso quando faz parte de comissões e frentes parlamentares e a despesa ocorre em função do trabalho nos grupos. Nesses casos, a aprovação da despesa caberia à Mesa Diretora. A maioria da bancada de Brasília na Câmara dos Deputados, no entanto, defende uma cota para os parlamentares locais. Isso porque, avaliam, a atividade legislativa não se restringe ao âmbito do Distrito Federal.

Cortes Diante de denúncias de uso irregular das passagens, a Casa anunciou no mês passado um corte de 20% nas despesas com passagens aéreas. O valor mensal da cota para deputados do DF passou então a ser de R$3.764,58, o menor valor entre as bancadas estaduais. O deputado disse concordar com a iniciativa: ¿A Câmara acertou, só que foi tarde. É injusto criticar a gente por um procedimento que não havia normatização. Isso deixou a imagem da Casa desgastada¿.

A denúncia de uso indevido de passagens aéreas também atingiu o Senado. De acordo com notícia publicada no início do mês pelo site Congresso em Foco, o líder do PMDB na Casa, senador Renan Calheiros (AL), usou sua cota aérea para bancar 26 passagens de quatro pessoas envolvidas nos escândalos que lhe custaram a presidência do Senado. A cota teria beneficado supostos laranjas do peemedebista em empresas de comunicação em Alagoas.