Título: Migração ajuda a reduzir disparidade
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 06/10/2009, Economia, p. 20

Pnud estima em cerca de 740 milhões de pessoas os migrantes internos

BRASÍLIA e RECIFE. Cinco milhões de pessoas atravessam as fronteiras de casa para viver num país desenvolvido.

Mas a maioria dos migrantes se muda dentro do seu próprio país. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) estima que cerca de 740 milhões de pessoas sejam migrantes internos ¿ quase quatro vezes mais do que aqueles que se mudam internacionalmente.

O Brasil é um dos países em que a migração interna é responsável pela queda das disparidades regionais de renda média.

O Relatório de Desenvolvimento Humano do Pnud ¿ que trata pela primeira vez do tema imigração ¿ defende políticas para estimular o movimento entre países, regiões e cidades. Para o desconforto de EUA e Europa, onde o tema é motivo de polêmica, o documento garante que políticas voltadas ao estímulo da mobilidade podem melhorar o nível de desenvolvimento humano.

Também sugere aos governos que reduzam as restrições.

¿ A migração deve ser vista como parte fundamental da estratégia de desenvolvimento humano. As políticas de migração não substituem as de desenvolvimento, mas são complementares e têm papel importante ¿ disse o economista sênior do Pnud, Flavio Comim.

Estudo do Ipea destrói alguns mitos sobre os fluxos migratórios no Brasil. Embora confirme que São Paulo continua sendo o maior estado de destino de migrantes, revela que é de lá que sai o maior número de pessoas do país: 12,6% dos 5,86 milhões de migrantes nacionais são paulistas.

Goiás é o segundo destino dos migrantes brasileiros, recebendo 7,7% do total. O Nordeste continua sendo a maior dispersora de população do país (43,7%).

O pernambucano Geibson João do Carmo já migrou duas vezes dentro do país: para São Paulo e Santa Catarina. Na primeira vez, depois de atuar quatro anos na informalidade em Recife, mudou-se, de carteira assinada, para São Paulo. Mas não se adaptou. Estranhava o trânsito e as pessoas correndo pelas ruas. Em três meses voltou.

Isso foi em 2005. De volta a Pernambuco, teve dificuldade de arranjar emprego, apesar de ser eletricista experiente. Foi arriscar em Navegantes, Santa Catarina, e arrumou vaga na primeira semana num estaleiro.

Voltou à sua terra natal com a esperança de achar colocação no estaleiro Atlântico Sul, mas não ¿conseguiu passar nem da portaria