Título: Enem, só em dezembro
Autor: Suwwan, Leila; Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 07/10/2009, O País, p. 3

Adiamento atrasa vestibulares e até concursos da Receita Federal e do IBGE

O Ministério da Educação remarcou as provas do Enem para os dias 5 e 6 de dezembro e criou uma força-tarefa com os Correios e a Polícia Federal para tentar garantir a realização segura do exame. A nova data, além de provocar o adiamento de vestibulares em pelo menos seis universidades federais e seis estaduais, também vai postergar dois grandes concursos públicos federais: para o IBGE e para a Receita Federal.

O MEC ainda tenta superar o atraso de dois meses, que pode minar o esforço para que o exame seja usado no processo seletivo das universidades.

Para evitar o efeito cascata de atraso no início do ano letivo, o ministério diz esperar que as fases de correção, pontuação e tabulação das provas sejam feitas em menos de um terço do tempo previsto originalmente. Está em negociação um contrato emergencial para que o Cespe, ligado à Universidade de Brasília (UnB), e a Cesgranrio executem esse trabalho.

Após reunião no Ministério da Justiça, o ministro da Educação, Fernando Haddad, informou que o setor de inteligência da Polícia Federal fará a supervisão do planejamento logístico do Enem. A prova, que seria realizada no último fim de semana por 4,1 milhões de alunos, foi suspensa após a descoberta de vazamento. Os Correios farão a distribuição. O valor dos novos contratos não foi divulgado.

O cronograma original do MEC previa prazo máximo de 89 dias após a realização do Enem para a entrega de um sistema de consulta de notas individuais ¿ que seria o subsídio para que o resultado pudesse ser usado nos processos seletivos de universidades que aderiram ao novo Enem. A expectativa era que o sistema estivesse disponível entre meados de dezembro e 1ode janeiro de 2010.

Levando em consideração a nova data, esse prazo chegaria até o início de março, inviabilizando completamente o uso do Enem no ingresso de alunos para o primeiro semestre.

¿ Não adiaremos o cronograma, estipulado inicialmente em 60 dias. O que faremos é acomodar o cronograma original para que a prova seja realizada e os resultados publicados sem prejuízo para o início do ano letivo no ano que vem ¿ disse Haddad.

Correção de redações é gargalo O MEC agora avalia que essa etapa pode ser concluída até o fim de janeiro, data ainda muito apertada para as universidades. O ministério busca soluções, inclusive tecnológicas, para acelerar o processo em pelo menos mais um mês. O principal gargalo é a correção manual das redações. O banco de dados com as notas do teste objetivo pode ser entregue em até 30 dias, mas a redação demoraria o dobro, segundo o edital do Enem.

A gráfica que imprimirá cerca de 9 milhões de cadernos de provas está escolhida, mas o MEC só divulgará o nome após finalizar a inspeção. O conteúdo dos novos testes está guardado no cofre do Inep. Os Correios vão montar uma operação especial para a distribuição aos 1.829 municípios.

A vigilância física do novo plano logístico poderá ser reforçada pela Força Nacional de Segurança. O Exército ofereceu ajuda. Cespe e Cesgranrio, que vão aplicar e corrigir as provas, desistiram da licitação do Enem alegando que os prazos eram exíguos. O consórcio Connasel ganhou sozinho o contrato de R$ 117 milhões.

¿ Escolhemos essas duas instituições pela tradição e experiência que elas têm ¿ disse Haddad.

O ministro criticou as limitações da lei de licitações, que obrigam o poder público a contratar a empresa sem levar em conta a experiência: ¿ O Enem não deve ser licitado.

Temos que contratar empresas de excelência, e a licitação não é o melhor instrumento para isso.

A partir de hoje, até a meia-noite de 14 de outubro, o Inep permitirá que os alunos modifiquem o município escolhido para a prova.

O que faremos é acomodar o cronograma original para que a prova seja realizada e os resultados publicados sem prejuízo para o início do ano letivo no ano que vem Fernando Haddad, ministro da Educação

Qualquer nova data causaria um impacto.

O ruim foi o vazamento.

O resto é consequência disso. Se alguma instituição não conseguir, não compromete o sistema como um todo Alan Barbiero, presidente da Andifes