Título: Brasil cresce menos
Autor: Allan, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 16/05/2009, Economia, p. 20

A equipe econômica deve, na próxima semana, anunciar oficialmente a redução da projeção de crescimento econômico em 2009 dos atuais 2% para algo entre 0,5% e 1%, segundo informou uma fonte do governo. No próximo dia 20, o Ministério do Planejamento tem que divulgar o relatório bimestral de receitas e despesas e a revisão dos parâmetros macroeconômicos para o ano.

Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrou um discurso menos otimista com o crescimento, ao falar que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve ter expansão entre ¿0% e 2%¿ neste ano. Além do maior pessimismo do ministro, que durante um bom tempo insistiu na possibilidade de crescimento de 4% em 2009, a nova projeção feita por ele marca uma nova postura: em vez de focar em um número específico de previsão, trabalha com um intervalo de estimativa de crescimento. Isso tende a expor menos o ministro aos erros inerentes às previsões sobre o PIB.

O novo cenário de crescimento a ser divulgado na semana que vem leva em conta uma aceleração da economia no segundo semestre, com o País crescendo a um ritmo de 4% nos três meses finais do ano. Além disso, na equipe econômica, já é dada como certa a chamada recessão técnica, que é marcada pela sequência de dois trimestres de queda no PIB. As estimativas para o resultado negativo da economia no período de janeiro a março deste ano variam de 1,5% a 3% dentro do próprio governo, o que fará grande diferença no resultado final

Vale lembrar que o país já entrou este ano com um PIB negativo de 1,5%, deixado pelo péssimo desempenho da atividade econômica no último trimestre de 2008, período mais agudo da crise financeira internacional. A despeito das diferenças numéricas entre os diversos economistas do governo, os cenários dentro da equipe econômica mostram trajetórias semelhantes: primeiro trimestre ruim, com recessão técnica; segundo trimestre iniciando a recuperação e aceleração mais forte na segunda metade do ano, com o último trimestre mais intenso, refletindo plenamente as medidas fiscais e a queda nos juros executada pelo BC, além de contar com o efeito comparação com o fraco final de 2008.

Para 2010, um crescimento perto de 4% hoje é o cenário básico nas diferentes áreas do governo.