Título: Petrobras licitará 28 sondas semana que vem
Autor: Rosa, Bruno, Ribeiro, Erica
Fonte: O Globo, 08/10/2009, Economia, p. 28

Empresa veta participação do estaleiro Mauá. PDVSA terá de reembolsar estatal em US$400 milhões por refinaria

De olho no pré-sal, a Petrobras fará na próxima semana uma megalicitação. O objetivo é ter 28 sondas de perfuração no Brasil, das quais oito serão operadas pela estatal, que também será proprietária destas. O estaleiro Mauá, de Niterói, não poderá participar da licitação, porque é alvo de investigação da Operação Águas Profundas, deflagrada pela Polícia Federal em 2007, informou o diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque.

- O Mauá não será convidado para a licitação das unidades de perfuração, pois está sendo investigado pela Operação Águas Profundas, da Polícia Federal. Mas como são muitos empregos envolvidos, a diretoria da empresa vai analisar se veta ou não a participação do Mauá em licitações futuras.

A declaração de Duque contradiz a posição manifestada pela empresa semana passada. No último domingo, reportagem publicada no GLOBO mostrou que o governo estadual enviara carta à estatal reclamando de sua decisão de deixar o Mauá em quarentena. Indagada, a Petrobras informou, em nota, que o estaleiro não estava proibido de participar de suas licitações.

O Mauá preferiu não comentar a declaração de Duque. Segundo uma fonte, se novas encomendas não chegarem ao estaleiro, será necessário cortar pessoal em 2010. A empresa emprega cerca de cinco mil pessoas hoje. Em nota, o governo do estado informou que serão mantidos os esforços pelo funcionamento do estaleiro, visando a garantir os milhares de empregos gerados na empresa.

Até 50% dos equipamentos terão de ser feitos no Brasil

As sondas contratadas ficarão prontas entre 2013 e 2017. A licitação será dividida em três pacotes, feitos simultaneamente. O primeiro se refere à construção de sete navios-sonda, com capacidade para perfurar três mil metros. Segundo Duque, serão sete, pois "esse foi o número que o corpo técnico entendeu que permitiria a criação de um novo estaleiro no Brasil".

- Isso não quer dizer que vá ser um novo estaleiro, mas possibilita que haja um novo estaleiro, pela sua escala. A primeira unidade (navio-sonda) deverá ser entregue em 48 meses. A segunda, dez meses depois. Os cinco restantes, de oito em oito meses. Será essencial produzir até 50% dos equipamentos com empresas brasileiras.

O segundo pacote é composto de duas unidades. Cada uma será contratada por estaleiros diferentes, pois a entrega deverá ser feita em 40 meses, simultaneamente. O terceiro é o pacote tradicional de afretamento. Mas, embora a licitação envolva empresas internacionais, haverá exigência de que a construção seja feita no Brasil. No segundo e no terceiro pacotes será permitido qualquer tipo de inovação tecnológica. Para os próximos dois anos, a Petrobras já contratou sondas feitas no exterior (China, Abu Dhabi e Coréia).

A Petrobras também informou ontem que a petrolífera estatal venezuelana PDVSA terá que reembolsá-la em pelo menos US$400 milhões, quando o acordo final de parceria na refinaria Abreu Lima for assinado. O valor do reembolso refere-se a 40% - participação que a PDVSA terá na refinaria - do US$1 bilhão investido pela Petrobras até agora nas obras de terraplenagem, na compra de equipamentos e na contratação de projetos.

- Vão ter que aportar dinheiro. Contratamos uma consultoria externa para avaliar os custos da refinaria até agosto. Quando assinar o contrato, vamos ter uma assembleia para fixar os prazo - afirmou o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

Segundo ele, as pendências que adiaram sucessivamente a assinatura do acordo foram superadas, mas não há prazo para que o documento seja firmado. O investimento é estimado em US$12 bilhões.

(*) Com agências internacionais