Título: Divergências na base zelayista
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 08/10/2009, O Mundo, p. 33

TEGUCIGALPA. Impedido há semanas de se reunir com seus representantes na mesa de negociação organizada pela OEA, Manuel Zelaya teve dificuldade para definir a estratégia de diálogo. Segundo fontes da OEA e da resistência civil, o início da reunião atrasou mais de uma hora e meia porque um dos negociadores de Zelaya, o líder sindical Juan Barahona, teria se recusado participar do diálogo devido a divergências com o presidente deposto.

Barahona teria chegado a abdicar de seu assento na mesa de negociação, e Zelaya saiu à procura de um substituto. Diante da falta de nomes, o líder sindical teria voltado atrás.

Barahona é o único representante de movimentos sociais e sindicatos de esquerda no grupo zelayista, composto ainda pelos ex-ministros de Governo, Victor Mesa, e Trabalho, Mayra Mejía.

A disposição de Zelaya de aceitar a retirada do projeto de reforma constitucional em troca da restituição tem causado atritos entre ele e a resistência.

- A restituição de Zelaya é apenas 50% do que queremos. Para nós, o mais importante é a Constituinte. A volta de Zelaya ao poder seria apenas o primeiro passo para alcançarmos nosso intento - disse o líder da Via Campesina hondurenha, Rafael Alegria.

Ao chegar à reunião da OEA, com uma hora e meia de atraso, Barahona evitou o assunto:

- O ponto número um de qualquer diálogo é a restituição. Só aceitamos negociar a partir disso.

Somente ontem o governo de Micheletti permitiu que os negociadores entrassem na embaixada do Brasil para uma conversa pessoal com Zelaya, que alegava não ter como preparar a estratégia de diálogo, pois os telefones celulares estariam grampeados. (R.G.)