Título: Plano do PT é que Dilma deixe o governo em fevereiro, antes do prazo
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 09/10/2009, O País, p. 4

Presidente prefere mantê-la até abril, limite para a desincompatibilização

BRASÍLIA. O comando nacional do PT defende que a chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, antecipe sua saída do governo para meados de fevereiro.

A ideia é que ela percorra o país com maior liberdade e inicie uma mobilização política mais explícita, nos limites da legislação eleitoral, para tentar deslanchar sua candidatura à Presidência da República.

Cresce no PT a tese de que ela deveria ser liberada antes do prazo legal, que é início de abril. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda resiste.

Ele dará a palavra final.

¿ Ela deixaria o governo em fevereiro, um pouco antes do prazo oficial de desincompatibilização, para se dedicar às eleições. Não haverá prejuízo para o governo. Até lá, todas as questões da Casa Civil estarão encaminhadas ¿ afirmou ontem o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP).

Pela proposta em estudo, Dilma deixaria o cargo de ministra após o pré-lançamento de sua candidatura, no último dia do 4º Congresso Nacional do PT, em 21 de fevereiro ¿ 40 dias antes do prazo de desincompatibilização.

Lula: cargo dá visibilidade e mantém Dilma próxima dele

Lula ainda não estaria convencido de que essa é a melhor opção. Segundo aliados, ele avalia que, para Dilma, pode ser melhor ficar no governo até o último dia possível, e, assim, ter a visibilidade do cargo e ficar mais tempo ao lado dele. Nas últimas pesquisas, Dilma sofreu queda de três a quatro pontos nos últimos três meses.

O presidente ainda estuda quem será o substituto de Dilma na Casa Civil. Entre os nomes cogitados, o mais forte é o do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que já sinalizou que não pretende disputar cargo eletivo em 2010. Antes, chegou a ser especulado o nome do deputado e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP), como forma de reabilitálo politicamente. Mas ele tem dito que gostaria de disputar o governo de São Paulo, e já apresentou seu nome ao partido.

Pela estratégia em estudo, o partido aproveitaria a mobilização do Congresso e a data do 30º aniversário do PT para lançar Dilma em grande estilo.

Devem comparecer ao evento 1.500 delegados, 500 observadores e 250 convidados estrangeiros.

O congresso também deverá definir o programa de governo, a tática eleitoral e a política de alianças.